Folha de S. Paulo


Bolsa tem 3ª alta seguida, amparada em dados positivos da China

Com dados positivos da economia chinesa sobrepondo a cautela com um corte do estímulo econômico nos Estados Unidos, o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou esta segunda-feira (9) em alta de 0,43%, a 51.165 pontos. Foi a terceira valorização seguida do índice.

"O dia foi parado. Não tivemos indicadores de relevância, tirando as referências positivas vindas da China. O volume financeiro movimentado na Bolsa brasileira foi fraco, em torno de R$ 4,5 bilhões. A média das últimas semanas é de R$ 7 bilhões por dia", diz João Brügger, analista da Leme Investimentos.

Ao vivo: acompanhe os destaques do mercado e as análises de especialistas
Folha responde as dúvidas de leitores sobre investimento; envie a sua

As exportações da China em novembro superaram as previsões de analistas, aumentando 12,7% sobre o mesmo período do ano passado. Além disso, a inesperada queda na inflação ao consumidor daquele país aliviou temores de aperto na política monetária chinesa (maior restrição nas concessões de crédito).

Neste cenário, a Vale, cujo principal cliente internacional é a China, viu suas ações preferenciais --mais negociadas e sem direito a voto-- fecharem com valorização de 0,55%, a R$ 33,13.

"Nosso mercado não está mais tão estritamente relacionado aos EUA. O que acontece na Ásia, por exemplo, mexe bastante com o Brasil e nossas grandes companhias. Hoje, os dados de inflação e balança comercial da China vieram positivos e isso impulsionou as blue chips [ações mais negociadas]", diz Elad Revi, analista-chefe da Spinelli Corretora.

ESTADOS UNIDOS

As atenções dos investidores, no entanto, também estiveram voltadas para a economia americana, onde presidentes regionais do Federal Reserve (banco central dos Estados Unidos) sinalizaram que há possibilidade de a autoridade começar a reduzir seu estímulo econômico neste mês.

Desde 2009, o Fed recompra US$ 85 bilhões por mês em títulos públicos para injetar recursos na economia e estimular uma retomada. Como parte desses recursos migra para outros países --como o Brasil-- na forma de investimentos, um corte reduziria a entrada de capital externo nesses mercados.

"Os membros do Fed estão com discursos um pouco mais parecidos do que um tempinho atrás. Agora, muitos deles já sinalizam que o início do corte no estímulo à economia americana está próximo. Trabalhamos com redução apenas no início de 2014, embora esteja prevista uma última reunião da autoridade em 2013, na semana que vem", diz Brügger.

Para o analista da Leme, o impacto de um corte seria limitado porque o mercado já vem antecipando o anúncio desde o início do ano. "O dólar deve ser o que mais vai sofrer, e deve subir logo após o anúncio, mas logo vai se acomodar porque os investidores começam a perceber que não é o fim do mundo. A retomada da economia americana, embora estimule o corte no estímulo, também é benéfica aos demais países", completa.

AÇÕES

As ações mais negociadas da Petrobras tiveram ganho de 0,12%, a R$ 17,25. Em entrevista à Folha, a presidente da companhia, Graça Foster, afirmou que os preços da gasolina e do diesel devem continuar subindo em 2014, mesmo sendo ano eleitoral.

Atualmente, a estatal compra derivados de petróleo no exterior por um preço superior ao de venda no Brasil para não ferir a política de controle da inflação do governo --seu maior acionista. O aumento dos preços praticados pela Petrobras no Brasil é visto por analistas como essencial para que a empresa dê continuidade ao seu plano de negócios.

"O fato de a Graça ter falado que os preços dos combustíveis vão subir em 2014, mesmo sendo ano eleitoral, ajudou a manter a ação da estatal no azul. O aumento é essencial para a companhia diminuir suas perdas. O mercado também vê a fala da Graça com bons olhos porque mostra uma força de dentro da empresa contra o governo e suas medidas de controle da inflação a qualquer custo", diz Revi.

Em sentido oposto, os papéis da Braskem tiveram a pior queda entre as 72 ações que compõem o Ibovespa, de 4,51%, a R$ 20,10. O movimento reflete a notícia de que a Petrobras pretende incluir no novo contrato de fornecimento de nafta com a petroquímica um custo referente à importação do insumo.

Fora do Ibovespa, as ações da operadora de viagens CVC caíram 3,13% nesta segunda-feira, a R$ 15,50, em seu primeiro dia de negociações na Bolsa brasileira.

Os papéis da CVC estrearam valendo R$ 16 cada um, valor que ficou definido pelo processo de formação do preço na última quinta-feira (5). A faixa prevista pela empresa era entre R$ 18 e R$ 22. Mesmo assim, a operação levantou R$ 621 milhões.

CÂMBIO

No câmbio, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou o dia em queda de 0,37% em relação ao real, cotado em R$ 2,320 na venda. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, fechou em baixa de 0,34%, a R$ 2,319.

O movimento, segundo operadores consultados pela Folha reflete as constantes atuações do Banco Central no câmbio, especialmente após o presidente da autoridade, Alexandre Tombini, ter confirmado na semana passada o prolongamento para 2014 do programa de intervenções diárias do BC no mercado.

Nesta segunda-feira, além da intervenção diária prevista para aumentar a liquidez do mercado e segurar a alta da moeda americana, o Banco Central também deu início à rolagem do equivalente a US$ 9,93 bilhões em contratos de swap tradicionais (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro) que venceriam em janeiro.

Operadores não descartam porém, a pressão de alta sobre a cotação da moeda americana em meio à indefinição sobre quando começará a ser cortado o estímulo econômico nos EUA. Um corte deve enxugar a oferta de dólares em países emergentes, como o Brasil, forçando o preço da moeda para cima.

Com Reuters


Endereço da página:

Links no texto: