Folha de S. Paulo


Negociar milhas é ilegal e traz riscos

Vender milhas acumuladas em programas de fidelização virou uma forma de obter um dinheiro rápido. Uma busca no Google revela mais de dez empresas anunciando o serviço de compra de milhas ou pontos.

Smiles libera a transferência de milhas aéreas para terceiros

No Mercado Livre, há quase uma centena de pessoas vendendo suas milhas. A prática é ilegal pois fere as regras estabelecidas no contrato de adesão dos programas de fidelização das quatro maiores companhias aéreas do país.

Mas, pior do que ser punido pelas companhias aéreas e ser expulso do programa - fato que raramente acontece-, é o risco que se corre ao fornecer dados pessoais para terceiros.

Como as empresas não permitem a transferência de pontos para contas de terceiros -excluindo a Gol, que acaba de alterar a política-, para vender pontos é preciso entregar senha, código de acesso e assinatura eletrônica.

No Hotmilhas, que anuncia abertamente na internet, é preciso fornecer também CPF, telefone, endereço e número da conta bancária para o depósito.

"Quem fornece dados pessoais está se expondo demais para um retorno relativamente pequeno", diz o consultor Boanerges Ramos Freire.

"São inúmeras as possibilidade de fraude que podem ser cometidas com esses dados", completa.

As empresas pagam pelas milhas antes de receber as senhas e dizem que jogam fora os dados uma vez concluída a transação. Mas não há garantia. Por se tratar de uma ilegalidade, o cliente não tem como reclamar ao Procon.

A maioria das empresas que compram milhas funciona como agência de viagens.

Com as milhas compradas, a agência emite passagens para outro cliente, recebendo em dinheiro. É comum emitir a ida com milhas de uma pessoa e a volta com milhas de outra pessoa.

Embora o pagamento seja feito na hora, a retirada os pontos da conta só acontece quando a agência consegue vender passagens para outros clientes. Isso pode demorar mais de um mês, período em que não é possível trocar as senhas de acesso.

"Nosso papel é facilitar a vida do usuário que tem pontos e quer usar e nem sempre consegue uma saída na companhia aérea", diz Renato Langervisch, que é dono de uma agência, mas atrai clientes pela internet com o site Compro Milhas.

Ele diz que, ao vender uma passagem emitida com milhas que comprou, revela para o cliente que a passagem foi emitida com milhas.


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