Folha de S. Paulo


Fundo de renda fixa ganha da poupança com nova alta do juro, a Selic

Com o novo aumento do juro básico (a Selic) previsto pelo mercado para esta quarta-feira (27), o rendimento médio dos fundos de renda fixa com taxa de administração de até 1% ao ano passará a ser maior que o da poupança, independentemente do prazo de resgate.

E os fundos com taxa de 1,5% ao ano, mais acessíveis que os demais ao pequeno investidor, também ganharão da caderneta para resgate a partir de seis meses.

Se aumento da Selic se confirmar hoje, esse cenário será observado pela primeira vez desde março de 2012.

Editoria de Arte/Folhapress
Editoria de Arte/Folhapress

A projeção é da Anefac (Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade) e vale tanto para aumento do juro básico para 9,75% ao ano quanto para 10% ao ano --aposta principal dos economistas.

O quadro acima mostra as simulações. Só perdem sempre da poupança nos cenários em questão os fundos com taxa de administração a partir de 2,5% ao ano.

Os fundos com taxa de até 0,5% ao ano costumam exigir aplicação mínima de R$ 50 mil. Os que cobram 1% ao ano, em torno de R$ 25 mil. E os com taxas partir de 1,5% aceitam valores menores.

"Com a alta da Selic, aumenta a rentabilidade dos papéis em que esses fundos investem, sejam os indexados ao CDI (Certificados de Depósitos Interfinanceiros, a taxa média de juros cobrada entre bancos) sejam títulos do Tesouro Direto. Além disso, o rendimento da poupança foi afetado pela queda da Taxa Referencial no mês, que ocorreu pelo menor número de dias úteis", diz.

Vale destacar que, ao longo deste ano, os fundos de renda fixa com foco em títulos públicos prefixados, cuja taxa de retorno é definida no momento da compra, foram prejudicados pelo cenário de aumento do juro básico.

"Muitos tiveram perda porque a rentabilidade considera o valor dos papéis corrigidos pela chamada marcação a mercado, que dá um desconto em função do aumento da Selic", diz Marcelo d´Agosto, consultor de investimentos.

No cenário de aumento de juros, os títulos pós-fixados, que acompanham a variação de um índice, como a Selic, são mais vantajosos.

PERSPECTIVAS

Se o juro subir mesmo para 10% ao ano hoje, como aposta a maioria dos economistas, a tendência para 2014 é que a taxa termine o ano a 11%. Na avaliação de André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, serão três altas seguidas de 0,5 ponto percentual nas reuniões de hoje, janeiro e fevereiro --depois, estabilidade da taxa.

"O Banco Central está apresentando uma postura mais conservadora devido às pressões inflacionárias. Com isso, ele dá a entender que está vigilante com a política monetária dos Estados Unidos, enquanto tenta enxugar um pouco os exageros nos gastos públicos no Brasil", diz.

"O mercado se pergunta até quando o Brasil vai manter seu modelo de crescimento calcado no consumo, mas com queda nas margens de lucros reais. Até quando isso será saudável? Os mercados estão sendo penalizados por isso. Também há uma antecipação da questão eleitoral", diz.

Em um cenário de estabilidade da Selic no ano que vem a partir de fevereiro, os títulos prefixados voltam a ser indicados por consultores.

"Pensando no longo prazo, em um futuro cenário de queda de juros, os títulos prefixados podem ser mais interessantes que os títulos pós-fixados", diz Valter Police Jr., planejador financeiro.

"De qualquer forma, trata-se de uma aposta. Ganhar na renda fixa hoje é bem mais difícil do que no passado, quando o juro superava os 20% ao ano", afirma.

"O ideal é pesquisar. Há grandes bancos de varejo que oferecem fundos de renda fixa com taxa de administração baixa mesmo para aplicações menores, mas dá trabalho encontrá-los", acrescenta.

Colaborou ANDERSON FIGO


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