Folha de S. Paulo


Vender só um produto pode gerar lucro maior

Pensar pequeno pode representar uma oportunidade de lucros maiores para as empresas. Em vez de oferecer uma variada gama de produtos, concentrar-se em um único item permite que a companhia economize e atraia uma clientela fiel.

"Com um único produto, o empresário atinge um nicho de mercado no qual pode virar referência. Fica mais fácil obter escala e a margem de lucro pode ser maior", afirma Haroldo Eiji Matsumoto, consultor do Sebrae-SP.

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Esse foi o caminho usado pela família de Cauê Farias Fantone, 24, para criar a Bendito Quindim, que só vende o doce e tem duas lojas em São Paulo. A estratégia foi traçada aos poucos.
A família estava em crise financeira por causa da quebra de uma pequena metalúrgica que tinham. A mãe, Cátia Fantone, 47, começou a vender esfihas -ela chegou a produzir 700 por dia.

Eduardo Kanpp/Folhapress
Cátia Farias e Lucas Farias na loja de quindins da familia
Cátia Farias e Lucas Farias na loja de quindins da familia

Na hora de abrir um ponto formal, a família acabou optando por outro produto. "Pensamos assim: 'Esfiha todo mundo vende, então precisa ser algo sem muita concorrência'", conta Cauê.

Chegaram aos quindins, cujos ingredientes são baratos (basicamente coco, açúcar e gema), mas podem ser feitos em diferentes sabores -eles oferecem 15 variações.

Esse tipo de negócio, entretanto, tem risco. A empresa fica mais exposta a transformações do mercado, tanto no gosto dos clientes quanto de legislação.

"No longo prazo, o mercado pode se esgotar e, se a empresa quiser continuar crescendo, novos produtos precisarão ser criados", afirma o consultor do Sebrae.

Ele diz que é importante pesquisar amplamente o mercado para saber se há clientes suficientes.

Foi o que fizeram os donos da AS Cervila Junior, que só vende um tipo de sapato, específico para dança de salão -a ideia surgiu pela dificuldade que o bailarino brasileiro Junior Cervila tinha para encontrar o calçado no país.

Após investigar na indústria brasileira, lojas e academias, ele decidiu vender esses sapatos no Brasil.

Walkyria Terra, 55, mãe de Cervila e coordenadora de vendas, diz que a estratégia facilita a divulgação.

"Um produto de nicho se comunica muito pelo boca a boca dos seus usuários. Temos muitos clientes por indicação."


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