Folha de S. Paulo


Aumento de empregos nos EUA decepciona e traz cautela para o BC norte-americano

O crescimento de empregos nos Estados Unidos foi menor que o esperado em agosto e a taxa de desemprego caiu para a mínima em 4 anos e meio à medida que os trabalhadores desistiram de procurar trabalho, complicando a decisão do Federal Reserve sobre reduzir ou não seu estímulo monetário ainda neste mês.

Os postos de trabalho fora do setor agrícola aumentaram em 169 mil no mês passado, informou o Departamento do Trabalho nesta sexta-feira (6), somando-se às indicações de que o crescimento econômico do terceiro trimestre pode ter desacelerado um pouco. A taxa de desemprego caiu para 7,3%, menor nível desde dezembro de 2008.

Os mercados financeiros dos Estados Unidos receberam o relatório fraco em geral como uma indicação de que é menos provável que o Fed faça um anúncio sobre o futuro de seu programa de compra de títulos na reunião neste mês.

"Até mesmo o Federal Reserve concluiria que a tendência do nível de emprego é de moderação e por essa razão sozinha eles provavelmente pensarão duas vezes sobre a redução das compras de títulos neste mês", disse o conselheiro sênior Cary Leahey, da Decision Economics em Nova York.

Economistas consultados pela Reuters esperavam que houvesse aumento de 180 mil empregos no mês passado e que a taxa de desemprego ficasse inalterada em 7,4%. Não só as contratações foram menores que o esperado no mês passado, como a criação de vagas de junho e julho foi revisada para mostrar 74 mil empregos a menos do que divulgado anteriormente.

Além disso, a taxa de participação --a porcentagem dos norte-americanos em idade para trabalhar que têm um emprego ou estão procurando por um-- caiu para o nível mais baixo desde agosto de 1978.

O relatório de empregos será analisado minuciosamente pelas autoridades do banco central norte-americano em sua reunião de 17 e 18 de setembro. A ampla expectativa vinha sendo de que o Fed fizesse um anúncio sobre o futuro de seu programa de US$ 85 bilhões em compras mensais de títulos nesta reunião.

As autoridades do Fed têm deixado claro que irão basear a decisão no progresso que o mercado de trabalho vem fazendo desde que anunciaram a terceira rodada do "quantitative easing" (como é conhecido o programa de estímulo) há um ano. Quando eles iniciaram o programa, estavam diante de uma taxa de desemprego que estava em 8,1%.

O relatório de empregos sugeriu que a economia está enfrentando dificuldades para recuperar força, depois de ter vacilado no início do terceiro trimestre.

Os gastos do consumidor, as construções de moradias, as vendas de novas moradias, as encomendas de bens duráveis e a produção industrial, todos se enfraqueceram em julho.

O relatório de empregos vai na contramão de outros dados que mostraram sinais de melhora nas condições do mercado de trabalho. O número de norte-americanos que solicitaram novos pedidos de auxílio desemprego está perto das mínimas em cinco anos. Uma medida de emprego do setor de serviços divulgada na quinta-feira atingiu máxima em seis meses em agosto.

Outros detalhes do relatório de emprego foram mistos, com recuperação no salário médio por hora e na duração da semana média de trabalho, que havia diminuído em julho.

O salário médio por hora subiu US$ 0,05 dólar. A duração da semana de trabalho se recuperou para uma média de 34,5 horas ante mínima de seis meses de 34,4 horas em julho.


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