Folha de S. Paulo


Proposta da Energisa por grupo Rede agrada Caixa

A Caixa Econômica Federal que, até o momento, tinha refutado as propostas de recuperação judicial da Rede Energia mostrou-se favorável à oferta da Energisa apresentada nesta quarta-feira aos credores da companhia.

O FI-FGTS --fundo de investimento formado com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e administrado pela Caixa-- tem 25% da Rede Energia por meio de uma participação em uma das empresas controladoras.

Outro sócio é o BNDES, com 16%, mas só a Caixa tem poder de veto na assembleia.

Até ontem, os credores tinham duas propostas. A primeira, feita pelo consórcio CPFL e Equatorial, prevê descontos de até 85% nos pagamentos à vista, ou de 35% a prazo. Àqueles que não aceitassem dar descontos, o pagamento seria parcelado até 2059 (46 anos).

Essa proposta tinha sido negociada pelo controlador da Rede, o empresário Jorge Moraes Queiroz Junior, que concedeu exclusividade às duas empresas de energia.

Há cerca de duas semanas, a Copel e a Energisa se uniram e conseguiram com que a Justiça derrubasse a exclusividade para que apresentassem uma proposta.

O juiz da 2ª Vara concedeu mais prazo e todas as informações da Rede (particularmente o endividamento) foram abertas à Copel e à Energisa. Devido ao prazo concedido (considerado curto demais), a Copel preferiu retirar-se do negócio.

Hoje, a Energisa entregou sua proposta que, segundo apurou a Folha, prevê o pagamento das dívidas parceladas até 2034 (22 anos), com descontos menores. Mesmo assim, ela conseguirá investir mais que a Equatorial e a CPFL para que as distribuidoras continuem operando com qualidade de serviço.

O investimento mínimo previsto no plano de recuperação é de R$ 1,8 bilhão.

VIRADA

Caso aceite o negócio, a Caixa deixa de ser sócia da Rede e se torna simplesmente credora, recebendo pagamentos ao longo do tempo. Além da Caixa, outros bancos e fundos de investimento mudaram de posição.

Detentores da maior parte da dívida da Rede, os chamados "bondholders" (bonds são títulos da Rede emitidos no mercado), que antes eram favoráveis à oferta da Energisa, agora não aprovam mais e pressionam a Energisa para melhorar ainda mais as condições de sua oferta.


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