Folha de S. Paulo


BC do Japão mantém política e deixa porta aberta para acalmar mercados

O presidente do banco central do Japão, Haruhiko Kuroda, afirmou que a autoridade monetária avaliará tomar novas medidas para acalmar os mercados caso os custos de empréstimos disparem novamente no futuro.

O BC japonês, no entanto, optou por não adotar medidas para conter a volatilidade nesta terça-feira (11), argumentando que os mercados de títulos se estabilizaram.

A decisão decepcionou alguns investidores, o que provocou uma recuperação do iene e uma queda na Bolsa de Tóquio e nos títulos do governo japonês --o que contraria os objetivos do mix de política agressiva do primeiro-ministro Shinzo Abe.

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O aumento dos rendimentos no mercado de títulos já alavancou algumas taxas hipotecárias, levantando preocupações de que mais altas podem elevar outros custos de empréstimos e prejudicar a nova dinâmica da economia sob Abe.

"Nós continuamos vigilantes com relação aos movimentos das taxas de juros de longo prazo. É indesejável que a volatilidade aumente, portanto faremos esforços para reduzi-la", disse Kuroda em entrevista.

O BC japonês decidiu não alterar sua política monetária, como era amplamente esperado, mantendo, portanto, a promessa feita em 4 de abril de expandir a oferta de dinheiro a um ritmo anual de 60 trilhões de ienes (US$ 605 bilhões) a 70 trilhões de ienes numa tentativa de dar um fim a anos de deflação.

O BC melhorou sua avaliação oficial da economia --outra razão que pode explicar a falta de ações para acalmar os mercados. Dados na segunda-feira mostraram que o crescimento econômico ocorreu mais rapidamente que o previsto, que o superavit da conta corrente do país está crescendo depressa e que os empréstimos estão subindo.

"A economia do Japão está se acelerando", afirmou o BC em comunicado, mais otimista do que no mês passado, quando disse que o crescimento estava começando a acelerar. O BC também melhorou sua avaliação sobre as exportações e a produção e disse que ambos estão se recuperando devido à melhora gradual do crescimento global e aos benefícios do iene desvalorizado.

Algumas autoridades do BC consideraram a ideia de ampliar de um para dois anos o prazo máximo de duração dos fundos baratos com taxa fixa oferecidos pelo BC em operações de mercado.

Tal ação facilitaria que os bancos prejudicados pelo aumento dos rendimentos dos títulos japoneses no mês passado protejam seus portfólios ao reduzir a necessidade de vender títulos para equilibrar suas carteiras, potencialmente diminuindo reviravoltas no mercado.

"A decisão de hoje pode refletir a postura de Kuroda de não tomar ação adicional em resposta a movimentos diários de mercado", disse o economista-chefe do Instituto de Pesquisa Dai-ichi em Tóquio, Hideo Kumano.

"Ele também pode ter pensado que não há necessidade de ficar muito nervoso com a volatilidade do mercado, esperando determinar mais o efeito do programa de compra de títulos do BC por enquanto."


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