Folha de S. Paulo


Economia do Japão ganha força e dá impulso a política de primeiro-ministro

O superavit da conta corrente do Japão dobrou em abril na comparação com o ano anterior, e a economia do país cresceu a um ritmo mais rápido do que o previamente estimado, mostraram dados divulgados nesta segunda-feira (10).

Divulgados pelo Ministério das Finanças japonês, os dados representam um sinal encorajador para as políticas agressivas do governo com a meta de estimular o crescimento, mesmo que a recente turbulência no mercado tenha levantado dúvidas sobre a estratégia.

A terceira maior economia do mundo cresceu a uma taxa anualizada de 4,1% entre janeiro e março, melhor do que a estimativa inicial de 3,5%, apontando para uma recuperação estável em meio a uma retomada da demanda global e às políticas de estímulo do primeiro-ministro Shinzo Abe.

O superavit da conta corrente do Japão ficou em 750 bilhões de ienes (US$ 7,7 bilhões), uma alta de 100,8% em relação ao ano anterior e muito maior do que a mediana das previsões do mercado de superavit de 320 bilhões de ienes.

Fortes ganhos de renda, incluindo retornos de investimentos japoneses no exterior, que foram impulsionados pelo iene desvalorizado, mais do que compensaram os deficits comerciais. A balança de rendimentos registrou o maior volume de recursos desde 1985.

"As exportações estão se recuperando gradualmente à medida que o crescimento internacional melhora, portanto, isso é um sinal positivo", afirmou o economista-chefe do RBS Securities do Japão, Junko Nishioka. "Mas o crescimento nas exportações não é forte o suficiente para compensar o aumento dos custos de importação."

De forma similar, os fortes dados do PIB (Produto Interno Bruto) também contêm certos sinais de cautela.

"Os gastos de capital ainda estão se contraindo, mostrando que, mesmo com uma melhora nos lucros corporativos, as empresas estão preocupadas com o cenário", afirmou o estrategista sênior de renda fixa do Mitsubishi UFJ Securities, Shuji Tonouchi.

"Há preocupações com o impacto do aumento do imposto sobre as vendas no crescimento econômico."

Os dados foram divulgados em um momento de volatilidade dos mercados, que têm levantado questionamentos sobre a "Abenomics", uma prescrição de política de afrouxamento monetário e expansão fiscal que visa estimular a economia.


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