Os novos direitos dos empregados domésticos, que devem virar lei na próxima semana, já estão transformando a vida de aproximadamente 7 milhões de domésticos (dados da OIT), cerca de três quartos ainda sem carteira assinada.
E de pelo menos 7 milhões de respectivos empregadores.
A expectativa deve persistir até o meio do ano, quando, segundo o Ministério do Trabalho, devem ficar prontas as novas regras de itens como adicional noturno, demissão por justa causa, seguro-desemprego e FGTS.
Folha responde a 70 dúvidas de leitores sobre a PEC das domésticas
Veja os personagens de 16 histórias ouvidas pela reportagem
Mas o custo vai aumentar (simulações feitas pela Folha com salários de nove entrevistados mostra acréscimo de no mínimo 6% e de até o dobro, nos casos mais extremos), e isso já está mexendo com a vida e as relações de empregados e empregadores e das famílias de lado a lado.
Em 16 histórias ouvidas pela reportagem, pelo menos 4 --um quarto do total-- cogita demitir ao menos um empregado, por não ter como arcar com o aumento de custo.
Outros empregadores pensam em mudar seu próprio horário de trabalho para evitar as horas extras ou em alterar a rotina da família, mandando a criança para a escola para evitar a necessidade de uma babá naquele período.
Do lado dos domésticos, a expectativa é grande em relação aos novos benefícios --e as dúvidas também.
Com MARIANNA ARAGÃO, de São Paulo, DENISE LUNA e VENCESLAU BORLINA, do Rio, JULIANA COISSI, de Ribeirão, DANIEL CARVALHO, de Recife, ESTELITA HASS CARAZZAI, de Curitiba, AGUIRRE TALENTO, de Belém, KÁTIA BRASIL, de Manaus,
e PAULO PEIXOTO, de Belo Horizonte
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