O clima pesado da dívida do Chipre continua no radar dos investidores, mas a divulgação de indicadores positivos nos EUA acabou trazendo de volta ao mercado um otimismo sobre o crescimento global, dando impulso às Bolsas ao redor do globo.
O principal índice de ações da Bolsa brasileira, o Ibovespa, fechou essa terça-feira (26) em alta de 1,45%, aos 55.671 pontos. Essa é a maior valorização diária registrada pelo índice desde sete de março, quando subiu 1,56%.
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Bolsas europeias fecham em alta, impulsionadas por dados dos EUA
Nos EUA, os pedidos de bens duráveis feitos à indústria subiram 5,7% em fevereiro na comparação com janeiro, enquanto o índice de preços de casas para 20 cidades americanas aumentou 8,1% no primeiro mês deste ano na comparação com igual período de 2012.
Os indicadores superaram as expectativas do mercado e deixaram em segundo plano a piora na confiança do consumidor dos EUA no mês de março, revelada por levantamento do Conference Board.
"A alta da Bolsa brasileira hoje também é um ajuste técnico, além das referências positivas dos EUA. O Ibovespa teve algumas quedas recentemente, é natural que haja esse ajuste", disse Rogério Oliveira, especialista em Bolsa da Icap Brasil.
COMMODITIES
Estimuladas pela perspectiva de maior crescimento global, e consequentemente maior demanda por commodities, as ações de grandes produtoras de materiais básicos registraram ganhos nesta terça-feira.
As ações mais negociadas de Usiminas e Vale, por exemplo, subiram 4,49% e 1,07%, respectivamente. Já os papéis mais negociados da Petrobras tiveram leve baixa de 0,21%, amenizando os ganhos da Bolsa.
ELÉTRICAS
Quem liderou as altas do Ibovespa, porém, foram as ações da Copel, que subiram 5,64%.
Os papéis refletiram a notícia de que a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) autorizou nesta terça-feira o repasse provisório de recursos da CDE (Conta de Desenvolvimento Energético) às distribuidoras, que irão mitigar o impacto no fluxo de caixa das empresas referente à forte geração termelétrica.
A autorização provisória do repasse já vale para as liquidações a partir de janeiro.
Outras empresas do setor elétrico também subiram no dia, como Cemig (+2,09%), Light (+3,31%), Transmissão Paulista (+1,21%) e CPFL Energia (+2,21%).
GOL
Depois de terem caído mais de 2% pela manhã, as ações da companhia aérea Gol fecharam o dia com alta de 3,05%.
Apesar dos investidores terem recebido negativamente a notícia de que a companhia teve prejuízo de R$ 1,5 bilhão em 2012, animou o fato da empresa prever um resultado operacional positivo no atual trimestre, acima do nível visto um ano antes.
Com o objetivo de elevar a receita por passageiro (rask) em pelo menos 10% e retomar as margens operacionais, a Gol anunciou ainda que reduzirá a capacidade doméstica em entre 8% e 10% no primeiro semestre de 2013 e em cerca de 7% no ano fechado, ante os níveis de 2012.
Segundo o presidente da companhia aérea, Paulo Kakinoff, não está descartada a possibilidade de estender para 2014 essa estratégia de redução da capacidade doméstica, afirmou em teleconferência nesta terça-feira.
AGENDA
Por aqui, o ânimo trazido pela notícia de que o Índice de Preços ao Consumidor de São Paulo caiu 0,18% na terceira quadrissemana de março, segundo a Fipe, foi ofuscado pela queda de 1,5% no Índice de Confiança da Indústria em março na comparação com o mês anterior, atingindo o menor nível desde setembro de 2012, segundo a Fundação Getulio Vargas.
A crise da dívida do Chipre também segue no radar dos investidores. O país teve que congelar e taxar contas bancárias com valores superiores a € 100 mil, além de fechar o segundo maior banco cipriota, para poder receber uma ajuda financeira de € 10 bilhões da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional.
Sobre o assunto, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que a crise financeira no Chipre não terá nenhum impacto imediato no Brasil. Mantega está em Durban para a Cúpula dos Brics. "A crise no Chipre não tem nenhuma implicação direta no Brasil, nenhum efeito direto", disse.
(ANDERSON FIGO)