Folha de S. Paulo


Cosan faz emissão em nova janela para captação em reais

A Cosan, grupo com negócios nas áreas de energia e infraestrutura, finalizou ontem a primeira emissão de títulos de dívida corporativos em reais feita no mercado internacional desde 2011.

A empresa captou R$ 500 milhões em bônus com prazo de cinco anos para o pagamento do principal e rendimento de 9,6% ao ano.

Em títulos denominados em dólar, a companhia captou mais US$ 500 milhões. Nesse caso, o prazo para pagamento é de dez anos e o retorno, de 5,15% ao ano.

O volume total captado, de R$ 1,5 bilhão, será integralmente utilizado para pagar um empréstimo de R$ 3,6 bilhões que os bancos Bradesco BBI e Itaú BBA concederam à Cosan, por meio da compra de suas debêntures, para a aquisição da Comgás, maior distribuidora de gás natural do país, em 2012.

Para o diretor de renda fixa do Bradesco BBI -um dos bancos coordenadores da oferta-, Leandro Miranda, está aberta uma nova janela de oportunidade para emissões externas em reais. "Podemos ver, em março, outras operações semelhantes."

Segundo ele, a menor volatilidade do câmbio, com tendência de estabilidade ou de apreciação, e a alta liquidez internacional voltam a criar oportunidades para a emissão de títulos em reais.

A última operação desse tipo foi feita pela Brasil Telecom, que captou R$ 1 bilhão em setembro de 2011.

Ao comprar um título em reais, o investidor estrangeiro faz uma espécie de aposta cambial, pois, além de receber pagamento dos juros, ele pode ganhar com a valorização da moeda brasileira.

Essa colocação também é vantajosa para empresas que não têm receita em dólar e que, portanto, não possuem uma proteção natural contra as oscilações da moeda americana. É o caso de empresas de energia e infraestrutura, a exemplo da Cosan, bancos, construtoras e varejistas.

ALTA DEMANDA

Segundo Miranda, o interesse do investidor estrangeiro surpreendeu os coordenadores da operação -além do Bradesco BBI e do Itaú BBA, participaram da colocação BTG e Morgan Stanley.

Para a emissão em reais, a demanda atingiu R$ 2 bilhões e, no caso dos títulos em dólar, chegou a R$ 9 bilhões. Os títulos foram apresentados a investidores no Chile, EUA, Inglaterra e Suíça.


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