Folha de S. Paulo


Comércio aprova Selic em 7,25%; indústria e sindicatos pedem novos cortes

Após o BC (Banco Central) anunciar a manutenção do juro básico do Brasil, a taxa Selic, em 7,25% ao ano, importantes setores da economia reagiram de formas opostas à decisão nesta quarta-feira (16).

Enquanto o comércio aprovou a manutenção da Selic, prevendo um cenário otimista para 2013, a indústria e os sindicatos disseram haver espaço para novas quedas do juro.

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Em nota, a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e o Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) defenderam novos cortes na taxa, "para aproximá-la daquelas praticadas internacionalmente".

"Acreditamos que novas quedas na Selic acontecerão ao longo do ano, mas o governo precisa aumentar a competitividade da economia e destravar o investimento", disse o presidente das duas organizações, Paulo Skaf, em nota.

A Força Sindical disse que o Copom "perdeu uma ótima oportunidade de dar continuidade à política de redução da taxa básica de juros". "É preciso agilidade e reduções eficazes dos juros para facilitar o crescimento da economia, reduzir a dívida pública, estimular a produção industrial --que se encontra estagnada--, aumentar o consumo e gerar empregos de qualidade", afirmou a entidade.

A Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) criticou a manutenção da taxa. "Foi desperdiçada uma boa oportunidade para retomar o bom caminho da redução da Selic e, com isso, forçar uma queda maior dos juros e dos spreads dos bancos, a fim de baratear o crédito e incentivar o emprego, o desenvolvimento e a distribuição de renda", disse o presidente da confederação, Carlos Cordeiro.

COMÉRCIO

A CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) e o SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) aprovaram a decisão.

Para as entidades do setor varejista, a manutenção da Selic em um piso histórico "já era prevista e reflete a preocupação do governo em dar continuidade à política de expansão do crédito no Brasil".

"A decisão do Banco Central mostra que a taxa de juros não deve ser usada como remédio para conter a inflação neste ano", disse o presidente da CNDL, Roque Pellizzaro Junior, em nota. "O governo deve trabalhar com outras ferramentas para controlar os preços, como a valorização da taxa de câmbio e a desoneração tributária."

A FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo) disse que a "manutenção da Selic é correta devido a inflação acima da meta".

A entidade diz considerar a medida "razoável", "uma vez que não há mais espaços para redução da taxa básica de juros enquanto a inflação permanecer acima 4,5% e o cenário internacional continuar incerto".

COPOM

Confirmando a principal aposta de economistas, o BC manteve a Selic em 7,25% ao ano. A manutenção do menor valor da Selic da história ocorreu após dez cortes seguidos, que fizeram a taxa cair 5,25 pontos percentuais desde agosto de 2011.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC tomou a decisão por unanimidade, sem viés de alta ou baixa.

"Considerando o balanço de riscos para a inflação, que apresentou piora no curto prazo, a recuperação da atividade doméstica, menos intensa do que o esperado, e a complexidade que ainda envolve o ambiente internacional, o Comitê entende que a estabilidade das condições monetárias por um período de tempo suficientemente prolongado é a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta", informou a assessoria de imprensa do Banco Central, em nota.

Votaram pela decisão todos os membros do Copom: Alexandre Antonio Tombini (presidente do comitê e do BC), Aldo Luiz Mendes, Altamir Lopes, Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo, Luiz Awazu Pereira da Silva, Luiz Edson Feltrim e Sidnei Corrêa Marques.

Editoria de Arte/Folhapress


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