Folha de S. Paulo


Com 'abraçaço' de quarteirão, artistas fazem ato pelos teatros do Bexiga

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Cartaz do ato Domingo no Parque, promovido por grupos como o Teatro Oficina e o Salvar o TBC
Cartaz do ato Domingo no Parque, promovido por grupos como o Teatro Oficina e o Salvar o TBC

Neste domingo (26), artistas se reúnem num ato, no bairro paulistano do Bexiga, chamado Domingo no Parque.

Organizada pelo Teatro Oficina, em parceria com a comissão Salvar o TBC, a Casa de Dona Yayá e outros espaços culturais do bairro, a manifestação é uma resposta à especulação imobiliária da região e visa a manutenção desses centros de cultura.

O início será em frente ao Oficina, com um rito ecumênico do qual participam o pastor Henrique Vieira, o padre Antônio Sagrado Bogaz e o pai de santo Márcio Teles, entre outros religiosos.

Depois haverá um coro, coordenado pelo Coral da USP - Casa de Dona Yayá e pelo músico Celso Sim. O percurso segue pelas ruas do Bexiga, passando pelo TBC (Teatro Brasileiro de Comédia), no qual a atriz Camila Mota "ressuscita" como Cacilda Becker. Ali haverá falas de Denise Fraga, Celso Frateschi e Sérgio Mamberti sobre o Salvar o TBC.

A seguir, o grupo guiará o público num "abraçaço" do quarteirão do Oficina e do terreno vizinho, que pertence ao Grupo Silvio Santos e é motivo de embate, há 37 anos, entre a companhia (que quer fazer da área um parque) e a empresa do apresentador (cujo projeto é construir torres).

Ao fim, o ato retorna ao Oficina para uma festa carnavalesca, da qual participam os blocos Fuá e Ilú Oba de Min, além de DJs e outros músicos.

Também estarão presentes nomes como o vereador Eduardo Suplicy (PT), Guilherme Boulos, do MTST, o urbanista e colunista da Folha Nabil Bonduki e a cantora e compositora Leci Brandão.

HISTÓRICO

O ato acontece cerca de um mês após o Condephaat, órgão estadual de defesa do patrimônio, reverter uma decisão de 2016 que proibia a construção de torres, pelo grupo de Silvio Santos, no terreno vizinho do Oficina.

A companhia argumenta que o empreendimento fecharia a vista do teatro –cujo edifício, projeto de Lina Bo Bardi, é tombado. Já tramita na Câmara dos Vereadores um projeto de lei para que área seja transformada num parque.

Ocorre, também, em meio a uma polêmica sobre o TBC, espaço tombado pelo patrimônio histórico há 35 anos e fechado desde 2008, quando foi comprado pela Funarte. Em agosto passado, o Ministério da Cultura anunciou que iria conceder a administração da casa à iniciativa privada.

A decisão levou artistas a criarem a comissão Salvar o TBC, que reúne o crítico e pesquisador teatral Alvaro Machado, a atriz Denise Fraga, o produtor Guilherme Marques, o diretor Ruy Cortez e o pesquisador Stênio Dias Ramos, entre outros nomes.

Eles argumentam que a privatização reduziria a diversidade cultural do TBC, cuja reforma já custou à Funarte cerca de R$ 15 milhões.

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DOMINGO NO PARQUE
QUANDO dom. (29), a partir das 15h (concentração às 14h)
ONDE saída do Teatro Oficina, r. Jaceguai, 520


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