Folha de S. Paulo


Crítica

Violência extrema vira beleza visual no filme sul-coreano 'A Vilã'

A VILÃ (muito bom)
(Ak-nyeo)
DIREÇÃO Jung Byung-Gil
ELENCO Kim Ok-bin, Jun Sung
PRODUÇÃO Coreia do Sul, 2017, 16 anos
QUANDO estreia na quinta (23)
Veja salas e horários de exibição

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"Nikita", filme de 1990 do francês Luc Besson sobre uma garota transformada em agente com licença para matar, era tão espetacular que rendeu bons subprodutos. Uma versão americana no cinema, em 1993, com Bridget Fonda, e uma cativante série de TV, de 1997 a 2001.

Falar em "Nikita" é inevitável após ver "A Vilã", delirante filme sul-coreano que segue com esmero toda a cartilha asiática de como fazer uma aventura de ação cheia de combates corpo a corpo.

E o filme dirigido pelo bom documentarista de origem Jung Byung-gil exibe muito sangue jorrando. Muito mesmo. Jorra até na lente da câmera em alguns momentos.

É possível também recordar de "Old Boy" (2003), de Park Chan-wook, outra pérola da pancadaria sul-coreana com enredo de vingança.

A cena inicial de "A Vilã" é praticamente uma citação de "Old Boy", com a diminuta e graciosa atriz Kim Ok-bin percorrendo um longo corredor repleto de bandidos armados querendo matá-la.

Bem, já que é a sequência de abertura, não será spoiler dizer que aqueles homens serão apenas as primeiras dezenas entre as vítimas que a moça vai deixar para trás ao vingar a morte de seu pai.

Uma matadora por natureza, como sua performance no tal corredor pode evidenciar, a jovem Sook-hee se tornará mais letal ao passar pelo treinamento de uma bizarra escola para mocinhas que forma assassinas profissionais.

O aprimoramento disciplinar da heroína (o título "A Vilã" não se justifica em momento algum) é contado entre flashbacks que explicam sua jornada adolescente junto ao pai barra-pesada, numa criação que forja a personagem casca-grossa.

Como na franquia de Keanu Reeves no papel do matador John Wick ("De Volta ao Jogo", de 2014, e "Um Novo Dia para Matar", de 2017), aqui as lutas e execuções são encenadas como coreografias, num resultado belo e perverso. Câmera lenta, enquadramentos inusitados e a já citada fartura de sangue espirrando são ingredientes de uma fórmula inebriante.

"A Vilã" só não merece avaliação impecável porque o roteiro exagera na intriga shakespeariana entre Sook-hee, o pai, o ex-marido e o homem que tenta conquistá-la. Os sentimentos de Sook-hee em relação ao provável assassino do pai ficam enredados num história um tanto confusa, com desfecho que parte da plateia pode rejeitar.

Quem gosta de ação vai terminar "A Vilã" tão entorpecido pelo pandemônio de lutas que nem ligará para pontas desamarradas na história. O segundo filme chega em 2019.

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Assista ao trailer de 'A Vilã'

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