Folha de S. Paulo


Em protesto no Oficina, Zé Celso ataca governo de 'ladrões evangélicos'

Um ato contra a extinção do MinC (Ministério da Cultura), fundido à pasta da Educação no governo do presidente interino Michel Temer, já reúne cerca de 300 pessoas em frente ao Teatro Oficina, no centro de São Paulo.

A manifestação foi convocada por dirigentes culturais, o Fórum Nacional dos Secretários Municipais de Cultura e o ex-secretário paulistano da área, Nabil Bonduki.

Marcado para as 19h desta terça-feira (17), o protesto tem a participação do diretor teatral José Celso Martinez Corrêa —que encena seus espetáculos no Oficina—, Bonduki e outras lideranças da área. Um telão dentro do teatro transmitirá ao vivo imagens da ocupação do Palácio Gustavo Capanema, no Rio, onde manifestantes também protestam contra a extinção do MinC.

Fabio Braga/Folhapress
O diretor Zé Celso durante protesto contra fim do MinC no Teatro Oficina
O diretor Zé Celso durante protesto contra fim do MinC, no Teatro Oficina, na terça (17)

Zé Celso, aliás, chegou ao local às 19h20 e foi bastante aplaudido. Ele discursou segurando um cartaz com o rosto do presidente interino Michel Temer e a frase "não reconheço esse golpista".

O diretor deu gritos de "cultura no poder", atacando o Temer e o Congresso. "Caímos nas mãos de ladrões evangélicos", disse. "O que está acontecendo neste momento é um levante da área da cultura."

CLIMA

O encontro teve clima de programa de auditório, com marchinhas, como "ô abre alas, pra arte passar", e o público foi convidado a participar de danças e coreografias. "Concentre, que é pra derrubar esse governo fajuto", dizia Zé Celso, ovacionado.

O encontro tem clima de programa de auditório, com marchinhas, como "ô abre alas, pra arte passar", e o publico foi convidado a participar das dancinhas. "Concentre, que é para derrubar esse governo fajuto", dizia Zé Celso, ovacionado.

Do lado de fora do Oficina, outra tela exibirá cenas do ato no interior do teatro para quem não conseguir entrar, já que o espaço tem lotação máxima de 400 pessoas.

Na porta do teatro, Nabil Bonduki era abraçado por manifestantes e posava para fotos. Candidato pelo PT à reeleição como vereador na Câmara paulistana, o urbanista disse à Folha não reconhecer o governo Temer e criticou José Mendonça Bezerra Filho, do Democratas, nomeado pelo presidente interino Michel Temer como ministro da Educação e Cultura.

"É uma pessoa que não tem condição de conduzir a área cultural do país, não tem histórico, nem legitimidade", disse Bonduki. "É um desastre absoluto."

Bonduki também lamenta a extinção do MinC. "É significativo um governo que quer destruir um setor pensante, criativo, que tem um papel importante", afirmou. "É simbólico, mas, mais do que isso, é algo que vai desarticular o setor."

Outros atos contra o fim do Ministério da Cultura acontecem em paralelo à mobilização no Oficina. Há ocupações em curso nas sedes da Funarte em Salvador e São Paulo, como parte do que os manifestantes chamam de "dia nacional de mobilização contra as mudanças do governo interino".

"Quem perde é o país", diz Bonduki. "Se não pudermos impedir que o governo retroceda, pretendemos demonstrar o descontentamento de toda a área da cultura em relação a essa medida."


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