Folha de S. Paulo


crítica

Ação desenvolvida a partir de duelos verbais é mérito do filme

"Decisão de Risco" é menos um filme de guerra do que uma peça moral, que tenta colocar ao espectador, de forma complexa, uma pergunta simples: num combate em que milhares de pessoas estão em risco, qual é o valor de uma única vida?

Todo aparato tecnológico da produção e a narrativa sobre a guerra ao terror estão lá como pano de fundo para que os personagens possam apresentar seus diferentes pontos de vista sobre a questão.

Na trama, três terroristas perigosos se reúnem em Nairobi, no Quênia, e são registrados por câmeras instaladas em um avião que sobrevoa o local e por um drone com forma de mosca. As imagens são transmitidas para um grupo de militares, juristas e políticos na Inglaterra.

As cenas mostram que há dois homens-bomba entre eles. O objetivo, então, é bombardeá-los antes que eles explodam algum lugar público.

Mas uma menina se instala ao lado da casa onde estão os terroristas, e complica a decisão. Bombardear o local provavelmente significaria a morte da menina.

Em dado momento, parece que a trama vai descambar para uma comédia sobre burocracias e hierarquias, mas logo ela volta ao drama moral.

Os personagens podem ser estereotipados, mas o debate sobre a questão central não é simplificado para facilitar a vida do espectador –e esse é o principal elogio que se pode fazer a "Decisão de Risco".

Ao final, há um tanto de sentimentalismo. Mas o diretor tem o mérito de criar tensão e emoção com um filme de guerra construído em torno de duelos verbais, não de explosões. Claro, o fato de contar com uma série de atores britânicos notáveis ajuda muito nessa tarefa.

DECISÃO DE RISCO
DIREÇÃO Gavin Hood
ELENCO Helen Mirren, ALan Rickman, Aaron Paul
PRODUÇÃO: EUA, 2015, 14 ANOS


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