Folha de S. Paulo


John Neschling culpa Minc por cancelamento de projeto investigado

Adriano Vizoni/Folhapress
O maestro John Neschling

O Minc (Ministério da Cultura) e sua "burocracia" foram o motivo de o espetáculo "Alma Brasileira", agora alvo de investigação do Ministério Público Estadual de São Paulo, não ter sido realizado, diz John Neschling, diretor artístico do Theatro Municipal. A afirmação foi feita no perfil do maestro no Facebook.

Neschling rebate a afirmação do Minc de que o convênio com a Old and New Montecarlo, empresa de Valentin Proczynski, foi cancelado porque o Municipal se recusava a detalhar o orçamento no projeto, apesar de inúmeros pedidos.

"As explicações do Ministério da Cultura (...) são desculpas para sua incapacidade de encontrar um meio para por em prática uma política cultural séria e eficiente", escreveu o maestro. Procurado, o Minc reiterou à Folha sua posição.

A Promotoria investiga um rombo de até R$ 20 milhões nas contas do Theatro. O ex-diretor-geral da instituição, José Luiz Herencia, é investigado por lavagem de dinheiro e superfaturamento de óperas.

Herencia fez acordo de delação premiada. Segundo a delação do ex-diretor, ainda não homologada, Neschling pode ter se beneficiado na seleção de agentes responsáveis por contratações no exterior. Caso de Proczynski, um dos nomes à frente de "Alma Brasileira".

O maestro afirma ainda que Herencia usa o espetáculo para tirar atenção de sua responsabilidade no rombo do Municipal. Neschling argumenta que nunca teve acesso às contas da instituição, apesar de pedi-las.

"Da parte de Herencia, a tentativa de jogar a culpa do déficit financeiro (...) em 'Alma Brasileira' é (...) uma tentativa de escamotear a verdade: ele é um saqueador confesso dos cofres da Fundação e da Prefeitura", escreveu o maestro.


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