Folha de S. Paulo


crítica

Mortos-vivos infectam com humor clássico 'Orgulho e Preconceito'

assista ao trailer

Quando começaram a chegar às livrarias romances que introduziam zumbis e outras criaturas do gênero do terror em clássicos incontestáveis da literatura, a crítica e o público se dividiram na aprovação dessa iniciativa pós-moderna. Amor e ódio, em igual escala.

"Orgulho e Preconceito e Zumbis", que estreia nesta quinta-feira (25) no país, deixa claro que a brincadeira pode ser bem mais divertida –ou aceitável– nos filmes do que nos livros. Respeitando ou não esse novo gênero de misturas, é evidente que o filme é muito engraçado.

A estrutura do romance da inglesa Jane Austen, publicado em 1813, está mantida. Elizabeth é uma das cinco filhas da família Bennet. Ela, a única sem desespero para se casar com um bom partido, começa uma relação de atração e rejeição com o sr. Darcy, que chega à sua cidade acompanhando um amigo rico.

Entre bailes e passeios no campo, o livro discute a moral e os códigos de conduta nos casamentos da Inglaterra do começo do século 19.

O filme também poderia fazer isso, caso os combates entre os personagens principais e as hordas ameaçadoras de mortos-vivos não ocupassem boa parte do roteiro.

Uma narração na abertura do filme resolve o problema ao explicar como esse cenário foi montado. O grupo de zumbis que passa a caminhar pela Terra tentando morder humanos e transformá-los em monstros semelhantes se tornou uma preocupação cotidiana por toda a Europa.

A ponto de obrigar as famílias abastadas a enviar filhos e filhas para China e Japão. Lá, aprendem técnicas milenares de lutas com espadas para que se defendam de ataques dos mortos-vivos.

Talvez o leitor se espante com tamanha bobagem, mas "Orgulho e Preconceito e Zumbis" é do tipo de filme que, para ser apreciado, precisa que o público aceite seu convite ao absurdo. E vale a pena embarcar nessa.

Parece uma mistura dos filme de época de James Ivory, como "Uma Janela para o Amor", com os momentos sangrentos de Quentin Tarantino.

RITMO

No livro de Seth Grahame-Smith que gerou o longa, sucesso de vendas, essa combinação demora a esquentar –há um problema evidente de ritmo. Na tela, tudo vai melhor.

No início do filme, um baile é interrompido por uma invasão de zumbis. As irmãs Bennet não demonstram hesitação. Debaixo dos vestidos, espadas são desembainhadas. O que se vê são cabeças de zumbis rolando pelo salão. Tanta violência se opõe à graciosidade das moças, principalmente de Elizabeth.

A inglesa Lily James, da série "Downton Abbey" e da recente adaptação cinematográfica de "Cinderela", é a melhor coisa de um elenco de canastrões. O que não influi no bom resultado. Não é preciso uma grande interpretação para enfrentar zumbis.

A pretensão de "Orgulho e Preconceito e Zumbis" é apenas diversão. Sob essa análise, se sai muito bem.

ORGULHO E PRECONCEITO E ZUMBIS
(Pride and Prejudice and Zombies)
DIREÇÃO: Burr Steers
ELENCO: Lily James, Sam Riley
PRODUÇÃO: EUA, 2016, 12 anos
QUANDO: estreia nesta quinta (25)


Endereço da página:

Links no texto: