Folha de S. Paulo


Mostra resgata a carreira fulminante do mito da pancadaria Bruce Lee

É possível imaginar uma retrospectiva do cinema de Orson Welles sem "Cidadão Kane"? Algo parecido acontece a partir desta quinta (26) na mostra Bruce Lee 75. Se estivesse vivo, o mito das artes marciais completaria 75 anos nesta sexta-feira (27).

Não deixa de ser uma boa chance de conferir a carreira de Lee, pequena e pouco vista pelas gerações mais novas. Seu protagonismo no cinema se concentrou entre 1971 e 1973, quando apareceu em quatro filmes de sucesso mundial –um póstumo sairia em 1978.

Mas falta na mostra o longa que o tornou um ídolo planetário: "Operação Dragão", lançado em 1973, dias depois de sua misteriosa morte.

Lee tinha 32 anos. Ele desmaiou e morreu antes de chegar ao hospital, sem uma explicação definitiva até hoje. Dependendo do biógrafo, as hipóteses incluem envenenamento, mal congênito e alergia a tranquilizante.

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Bruce Lee e Chick Norris em 'Voo do Dragão' ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Chuck Norris atua com Bruce Lee em 'O Voo do Dragão', (1972); eles se conheceram em 1964, nos Estados Unidos, quando Norris era só um lutador de caratê

A morte contribuiu para a aura de mito do ator, um James Dean da pancadaria. Antes de "Operação Dragão", Lee trabalhou em três filmes que o consagraram no mercado asiático. Foram rodados em Hong Kong, onde o americano passou a infância.

"O Dragão Chinês" (1971) veio depois de Lee atravessar os anos 1960 tentando a sorte em Hollywood. Com a experiência como ator infantil e o talento de lutador, teve apenas um destaque: Kato.

Este era o nome do parceiro do herói Besouro Verde na série de TV homônima, de 1966. Lee era uma espécie de Robin do Besouro. Os produtores eram os mesmos da série "Batman". Além dos 25 episódios hoje cultuados de "O Besouro Verde", Lee participou também de três no seriado do Homem-Morcego.

De volta a Hong Kong, Lee exibiu em "O Dragão Chinês" (1971) a agilidade obtida após anos de tai chi e kung fu. Com elementos dessas artes, criou o próprio estilo, o jeet kune do.

A boa bilheteria o levou ao filme seguinte, "A Fúria do Dragão" (1972). O sucesso foi tanto que ele voltou logo ao set e rodou outro longa no mesmo ano, "O Voo do Dragão".

Neste, ele convidou o campeão mundial de caratê Chuck Norris, que conhecera nove anos antes, para interpretar um lutador rival. Numa briga antológica, dois mitos do cinema de ação dividiram a tela.

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Cena do filme
Bruce Lee em cena do filme "Game of Death"

A Warner Bros percebeu o potencial do ídolo asiático e coproduziu em seguida "Operação Dragão", onde Lee enfrenta o vilão numa espetacular luta final em um salão de paredes espelhadas. Virou sucesso mundial.

Depois de sua morte, as cenas que ele tinha rodado para o longa seguinte, "Jogo da Morte", foram acrescentadas a sequências feitas por dublês.

O resultado é um filme desconjuntado, também em exibição na mostra. Bruce Lee 75 começa nesta quinta também em outras 11 capitais brasileiras. A programação está neste site.


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