Folha de S. Paulo


Documentário exibido na TV entra na mente de diretores teatrais brasileiros

Em 2008, a fotógrafa e cineasta Sandra Delgado decidiu acompanhar o processo de "Hamlet", montagem protagonizada por seu marido, o ator Wagner Moura, e dirigida por Aderbal Freire-Filho.

"Achei que seria um momento muito importante na carreira deles", diz Sandra. "No final do processo foi que caiu a ficha de como é interessante a figura do diretor. A gente geralmente pensa no personagem, mas a mim me tocou mais como essa figura do maestro funciona."

Nasceu assim o documentário em quatro episódios "Terceiro Sinal", que o canal GNT exibe a partir desta sexta-feira (6).

São registros feitos por Sandra, entre 2008 e 2010, dos bastidores de quatro diretores brasileiros de teatro. Uma espécie de "making of" das peças, mas centrada no trabalho dos encenadores.

Além de Aderbal e seu "Hamlet", a cineasta acompanhou Zé Celso em "Estrela Brazyleira a Vagar: Cacilda!" (sobre Cacilda Becker), Amir Haddad em "As Meninas" (com texto de Maitê Proença) e Domingos Oliveira na autobiográfica "Do Fundo do Lago Escuro".

ESPONTÂNEO

Quando propôs a Aderbal filmar "Hamlet", Sandra pensava num formato mais tradicional de documentário, com registros de cenas e entrevistas.

Mas, para não atrapalhar o trabalho do elenco, o encenador pediu à cineasta que fizesse parte do grupo e participasse dos quatro meses de ensaios. "Isso fez com que eu me integrasse à equipe."

Nos primeiros registros, ela se preocupava mais em escolher os entrevistados e montar uma luz para a câmera. "Depois a coisa foi muito no calor dos ensaios, mais espontânea."

Sandra conta que buscou ressaltar no documentário as particularidades de cada diretor: Aderbal é muito preciso nas marcações, mas "não traz nada de casa, deixa tudo acontecer na cena". Zé Celso "quebra tabus o tempo todo e não admite frescura". Domingos, que também é autor de "Do Fundo do Lago Escuro", "reescreve o texto durante os ensaios". Amir "coloca os atores para dançar muito" e usava a câmera de confessionário ("Acho que ele curtia essa onda de mostrar o que estava passando dentro dele").

Mesmo buscando não interferir nos ensaios e "mostrar as vivências e as dores sem expor as pessoas de uma forma ruim", a cineasta diz que levou alguns "chega pra lá" durante o processo.

"Às vezes as pessoas estão num nível de estresse muito grande, de pressão, de busca criativa. Mas o acolhimento foi muito maior do que esses problemas pontuais."

TERCEIRO SINAL
sextas, à meia-noite, no GNT
6/11: "Hamlet", de Aderbal Freire-Filho
13/11: "Estrela Brazyleira a Vagar: Cacilda!", de Zé Celso
20/11: "Do Fundo do Lago Escuro", de Domingos Oliveira
27/11: "As Meninas", de Amir Haddad


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