Folha de S. Paulo


Encontro discute cidades à luz de projetos culturais

Desde que Frank Gehry construiu sua filial do Guggenheim em Bilbao, na Espanha, no final dos anos 1990, a ideia de usar museus e centros culturais para revitalizar cidades em crise não saiu da pauta de arquitetos, urbanistas e prefeituras mundo afora.

Um seminário que começa nesta sexta (5) na Bienal de São Paulo escalou representantes de espaços como o MoMA, em Nova York, e a Tate Modern, em Londres, para discutir o presente e o futuro das metrópoles à luz de seus projetos dedicados à cultura.

Mas, a julgar pelo que dizem os convidados, a conversa avançou um tanto desde que Gehry inaugurou seu projeto pirotécnico na Espanha.

Ensamble Studio/MIT-POPlab
Detalhes do projeto 'Reclaiming Growth', que mostra perspectivas de Mumbai com crescimento muito leve ou acelerado
Detalhes do projeto 'Reclaiming Growth', que mostra perspectivas de Mumbai com crescimento muito leve ou acelerado

Na opinião de Pedro Gadanho, curador de arquitetura do MoMA, projetos de prédios já não são capazes de regenerar tecidos urbanos. Para ele, um novo modelo de urbanismo está surgindo, turbinado pelos aplicativos de serviço.

"Tem a ver com como as pessoas podem se apropriar do espaço público", diz Gadanho, citando aplicativos de celular como o Über, uma rede de táxis alternativa em NY, e o Airbnb, site de aluguel de apartamentos para viajantes, como exemplos dessa mudança. "São tecnologias que apontam para novos usos urbanos."

Mais focado na experiência específica da Cidade das Artes, complexo cultural inaugurado no Rio em 2013, Emílio Kalil, presidente da fundação responsável pelo espaço, deve falar sobre como um prédio icônico não basta para gerar mudanças.

"É diferente de uma casa que você compra", diz Kalil. "Uma coisa pública tem de ser muito bem pensada antes que ela seja executada."

Não é o caso da Cidade das Artes, que custou muito mais do que o previsto, e tem uma integração problemática com seu entorno, no cruzamento entre duas grandes avenidas na Barra da Tijuca e sem acesso apropriado para pedestres.

"Esse projeto foi todo realizado sem acompanhamento, então agora estamos fazendo mudanças", diz Kalil. "Uma obra pública não pode ser uma escultura que depois de entregue as pessoas têm de se virar para poder usar."

Além de Gadanho e Kalil, participam do seminário Donald Hyslop, da Tate Modern, e Washington Fajardo, encarregado dos projetos de revitalização da zona portuária do Rio, entre outros.

CIDADES PERFORMÁTICAS
QUANDO sexta (5), das 9h às 19h
ONDE Auditório do Pavilhão da Bienal de São Paulo, pq. Ibirapuera, portão 3
QUANTO grátis, inscrições pelo site arqfuturo.com.br


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