Folha de S. Paulo


Crítica: Longe do riso fácil, comédia espanhola se revela previsível

A avaliação ao final deste texto deveria ser ajustada para corresponder ao resultado do sexto longa de Cesc Gay. Como quase todos os filmes em esquetes, "O que os Homens Falam" é um filme irregular.

Com um elenco de peso, os episódios retratam situações que mostram o outrora sexo forte agora abalado por um conjunto de fragilidades.

Os personagens quarentões enfrentam depressões ou perderam o emprego, estão em processo de divórcio ou acabam de descobrir adultérios. Em suma, sentem-se à mercê das mulheres.

Divulgação
L. (Luis Tosar) e G. (Ricardo Darín) conversam em cena do filme 'O Que os Homens Falam'
L. (Luis Tosar) e G. (Ricardo Darín) conversam em cena do filme 'O Que os Homens Falam'

Mesmo que o tom seja cínico ou de farsa, não se trata de uma comédia que busca o riso fácil, nem equivale a uma versão espanhola de "E aí, Comeu?". O tratamento é mais melancólico, como uma demonstração de que os homens se encontram desamparados e assumem que perderam a tal guerra dos sexos.

No primeiro episódio, o melhor de todos, um reencontro de dois conhecidos sem nome liberta emoções retidas. O diálogo todo em alusões apreende um universo feito de cumplicidades, de ex-jovens que reencontram no outro algo que perderam.

O almodovariano Javier Cámara protagoniza o segundo, em que um homem separado sente reacender seu desejo pela ex-mulher. Ricardo Darín é o carro-chefe do terceiro, centrado num encontro em torno de um adultério.

Contudo, à medida que avança, o filme revela ser nada mais que uma sucessão de cenas, reiterações de um mesmo tema e essa fragilidade de sua construção torna o longa saboroso, mas previsível.

O QUE OS HOMENS FALAM
(UNA PISTOLA EN CADA MANO)
DIREÇÃO Cesc Gay
PRODUÇÃO Espanha, 2012
ONDE Cine Sabesp, Reserva Cultural e circuito
CLASSIFICAÇÃO 12 anos
AVALIAÇÃO regular


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