Folha de S. Paulo


Diretores chineses se recusam a entregar prêmios durante cerimônia

A associação chinesa de diretores de cinema se negou na quarta-feira (10) a conceder os prêmios de melhor filme e diretor durante sua premiação —exibida todos os anos pela televisão. O ato, inédito, foi interpretado por muitos como uma crítica à censura realizada pelo Estado chinês sobre as artes.

"Chegou o momento para nós de encontrarmos nossa razão de fazer filmes e de fazer com que a arte seja o coração de nosso cinema", disse o diretor Feng Xiaogang, presidente do júri da premiação.

Apesar de Feng não ter mencionado a censura, as palavras foram interpretadas por analistas independentes e por internautas como uma denúncia codificada da censura.

Xinhua
O diretor chinês Feng Xiaogang
O diretor chinês Feng Xiaogang

De acordo com eles, os diretores protestaram contra a impossibilidade de recompensar o colega Jia Zhang-ke, cujo filme "Um Toque de Pecado" está bloqueado pela poderosa Administração Estatal Chinesa de Cinema.

"É um ato político, um gesto bastante forte", disse um especialista de cinema chinês que pediu anonimato.

Ele recordou que Feng já se posicionou publicamente contra a censura.

Chamado por muitos de "Spielberg chinês", o diretor se destacou com várias comédias populares, além de dirigir superproduções como "1942", que mostra a terrível fome que afetou a região central da China.

Feng Xiaogang lamentou que na disputa com Hollywood os diretores chineses tenham sido empurrados para "uma corrente comercial" que provocou "uma queda do nível artístico e de seu espírito humanista".


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