Folha de S. Paulo


Crítica: 'Os Pássaros', de Hitchcock, conduz a várias interpretações

No setor de filmes que preservam seu mistério, nenhum é mais (ou menos) eloquente do que "Os Pássaros" (Cultura, 0h). O que seriam esses animais que, sem motivo aparente, começam a cercar, ameaçar e em seguida atacar com violência as pessoas?

Pode-se pensar nisso como uma praga destinada aos humanos, por que não? Ou seria o mal o que nos ataca? Ou ainda a natureza em revolta contra o homem que a desdenha? Pode-se pensar em muitas coisas ou em nenhuma.

Eis aí um filme que se passa de significado exterior a si mesmo: são as aves, o terror que infundem e, sobretudo, a nossa impossibilidade de designar uma causa profunda para o fenômeno o que faz a eficácia do filme de Hitchcock. Não sabemos bem o que aquilo quer dizer; sabemos que atua em nós, e como -não por significados, mas pelo que nos faz ver.


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