Folha de S. Paulo


DJ que põe músicas de graça na web é surpresa entre indicados

Entre os indicados ao Grammy de melhor álbum de música eletrônica neste ano, chama atenção um nome inusitado: o do DJ Pretty Lights.

Nascido no Colorado, Derek Vincent Smith, 32, vem construindo fama na internet há pelo menos cinco anos com seu apelido. Ele faz músicas a partir de samples (trechos de outras canções) de Nirvana, Led Zeppelin, Radiohead e James Brown, entre outros. E, muitas vezes, sem autorização.

Apesar disso, Smith nunca foi processado. Ele se aproveita de uma brecha na lei de direitos autorais americana, a de que, se você não está lucrando com a infração, há pouco motivo para processos.

O DJ começou a lançar tudo de graça em seu site. Acabou convidado para tocar nos maiores festivais dos Estados Unidos, como Coachella, Ultra Music Festival e Bonnaroo.

Divulgação
Derek Vincent Smith, conhecido como DJ Pretty Lights
Derek Vincent Smith, conhecido como DJ Pretty Lights

Em 2011, o rapper americano Flo Rida remixou a música "Finally Moving", de Pretty Lights, que, por sua vez, sampleava "Something's Got a Hold on Me", de Etta James. A faixa alcançou o terceiro lugar na "Billboard" e vendeu 3 milhões de cópias nos EUA.

Smith foi indicado ao Grammy pelo disco "A Color Map of the Sun", lançado em julho. Desta vez, ele optou por regravar os samples -para usar o riff da música "What Comes Around", dos Beastie Boys, ele mesmo refez o trecho em estúdio (em vinil e fita cassete, para que o efeito "vintage" fosse mantido).

A prática não é menos "ilegal". O que ocorre é que, neste caso, ao invés de pagar tanto ao artista que escreveu a música quanto à gravadora que a lançou, ele teria de pagar apenas o artista, já que a gravação original não foi usada, somente a ideia. "A única mudança é que eu não tenho de contratar um advogado", brincou o músico em entrevista ao site "Vibe".

A ousadia do Grammy repercutiu, e Pretty Lights hoje é visto como modelo a ser seguido na indústria. Ou, como ele mesmo colocou, em entrevista ao site "Huffington Post": "[A indicação] prova que há uma espécie de mudança de paradigma acontecendo na música, o que tornou possível um artista como eu ser indicado ao Grammy".


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