Talvez não haja exagero em dizer que Abbas Kiarostami é o mais importante cineasta contemporâneo. Ele parece trazer em seus filmes todo o cinema moderno, de Rossellini a Rohmer, de Hitchcock a Ozu.
No entanto, Abbas é o cineasta que se apaga, que, apesar da absoluta pessoalidade, não quer ser autor. Ou melhor: encerra o ciclo do "autor de cinema" sendo mais autoral do que ninguém.
Explica-se o paradoxo: Abbas é o cineasta que se retira, que faz da tela um lugar onde o espectador se reflete. Um espelho, em suma: na tela, ele verá precisamente aquilo que ele próprio projeta.
O documentário "Abbas Kiarostami, A Arte de Viver" (Cultura, 22h) trata de sua arte, com a ajuda de entrevistas de vários críticos e produtores.