Folha de S. Paulo


Diretor de museu renuncia em meio a polêmica sobre obras roubadas por nazistas

O diretor do Leopold Museum de Viena, que abriga grandes coleções de artistas austríacos como Egon Schiele (1890-1918) e Gustav Klimt (1862-1918), renunciou ao cargo em meio a uma polêmica sobre obras roubadas por nazistas.

Tobias Natter abriu mão da posição porque, segundo ele, não poderia continuar no museu depois que alguns de seus funcionários se juntaram a uma fundação associada ao filho ilegítimo de Klimt, o diretor de cinema Gustav Ucicky, cujos trabalhos incluíam propaganda nazista.

A Klimt Foundation possui 14 obras do pintor. A propriedade de ao menos uma delas, um retrato de Gertrude Loew, tem sido disputada há anos pelos herdeiros dela, que dizem que o quadro foi roubado pelos nazistas.

Recentemente, o Leopold Museum tem tentado se acertar com famílias judias que tiveram obras roubadas pelos nazistas após a anexação da Áustria à Alemanha em 1938, sob ordens de Hitler.

Muitas dessas obras foram leiloadas em Viena depois de 1945 e depois compradas por Rudolf Leopold, o fundador do museu.

"É uma verdade triste que o museu foi conhecido por anos ao redor do mundo como um sinônimo de arte saqueada. Por que nos mancharmos com esse tema novamente?", disse Natter em entrevista por telefone.

Segundo uma porta-voz do museu, dois pesquisadores estão avaliando as cerca de 6.000 obras do acervo para determinar a origem de cada uma delas.

Na terça-feira (29), uma comissão holandesa que investigava saques de propriedades durante a era nazista apontou 139 obras do Rijksmuseum, de Amsterdã, como provavelmente originários de roubo.


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