Folha de S. Paulo


Aos 73, Ringo Starr canta Beatles e transforma seu show em uma festa de classic rock

Ver um Beatle de perto é daquelas experiências inesquecíveis para fãs. Se Paul McCartney lota estádios pelo planeta, Ringo Starr faz turnês de shows mais modestos, mas não menos emocionantes. Como o que apresentou na noite de terça (29), para 4.000 pessoas no Credicard Hall, em São Paulo.

Ringo ampliou o potencial de festa nostálgica que a noite certamente teria, graças a seu projeto His All-Starrs Band. Desde 1989 ele reúne para suas turnês músicos que fizeram sucesso em várias bandas nas últimas décadas. Em sua segunda visita ao Brasil --a primeira foi em 2011, com seis apresentações--, ele levou a São Paulo e levará a Curitiba, onde canta na quinta (31), um grupo de seletos instrumentistas.

Em sua 12ª formação, a All-Starrs Band tem gente que já tocou no Toto, no Mr. Mister, na banda do guitarrista Santana e outros grupos que ocuparam bastante a programação das FMs. Além dessa turma competente, traz Todd Rundgren, cantor e compositor de muita relevância e pouco sucesso nos anos 1970.

Assim, o show se transformou numa celebração do chamado "classic rock", essa produção musical que já completa 40 anos de hits facilmente reconhecíveis por um público maduro como o que predominou no Credicard Hall. Rolou "Rosana" e "Africa", do Toto, "Broken Wings", do Mr. Mister, e outras agradáveis antiguidades.

Mas a emoção vinha mesmo quando Ringo deixava a bateria para assumir o microfone e cantar umas poucas mas ótimas músicas de sua carreira solo ("Photograph" foi um momento inspiradíssimo dele e da banda), dois covers de um de seus ídolos, Carl Perkins (ele abriu a noite com "Match Box" e depois cantou "Hey Don't", que os Beatles gravaram), e, claro, outras canções dos Beatles.

Teve "Don't Pass Me By" ("a primeira canção que escrevi", ele disse ao anunciá-la), "Boys" (cover que os Beatles copiaram das Shirelles), "Yellow Submarine", "I Wanna Be Your Man", "Act Naturally" (outro cover beatle, do original de Buck Owens) e, num final para satisfazer a todos, "With a Little Help from My Friends", a canção mais marcante dos Beatles entre as gravadas com a voz dele.

Quase como um pequeno bis, Ringo emendou esta última com o refrão de "Give Peace a Chance" ("Dê uma chance a paz"), de John Lennon. Não por coincidência, ele vestiu durante o show uma camiseta com o símbolo hippie de "paz e amor".

Aos 73 anos, mostrou o mesmo vozeirão da juventude e saltitou pelo palco, cheio de energia. Na plateia, muita gente que a toda hora se pegava pensando "uau, é o Ringo que está ali".

RINGO STARR EM SÃO PAULO
AVALIAÇÃO ótimo


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