Folha de S. Paulo


Mangá 'Gen', que denuncia horrores da guerra, é banido de escolas em cidade japonesa

Um mangá japonês considerado um clássico antiguerra virou alvo de uma polêmica no país, depois que o Conselho Escolar Municipal de Matsue, cidade no sudoeste do Japão, decidiu retirá-lo das bibliotecas das escolas.

"Gen Pés Descalços", série dividida em dez volumes, é baseada na própria experiência de vida do autor, Keiji Nakazawa, sobrevivente da bomba atômica de Hiroshima, em 1945. Ele tinha 6 anos. Seu pai e seu irmão morreram no ataque.

A série começou a ser publicada em 1973. Devido ao seu sucesso, reedições são lançadas regularmente no Japão. Lá, o mangá, que já foi adaptado para o cinema diversas vezes, é lido por crianças para ajudar na compreensão do que foi a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Divulgação
Imagem do mangá 'Gen Pés Descalços', de Keiji Nakazawa
Imagem do mangá 'Gen Pés Descalços', de Keiji Nakazawa

Os quadrinhos criticam o imperador Hirohito, que governou os japoneses de 1926 até sua morte, em 1989. Em nome dele, o país lutou naquela guerra.

Além das fortes imagens que mostram as consequências da bomba de Hiroshima, as partes finais do mangá ilustram atrocidades cometidas pelo Exército do Japão, como, por exemplo, decapitações.

Segundo o jornal "The Japan Times", 44 dos 49 diretores de escolas locais querem que a proibição seja anulada.

A decisão sobre esse pedido deve ser anunciada ainda nesta semana.


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