Folha de S. Paulo


Passo Torto lança segundo disco com show e comemora prêmio de Rodrigo Campos

Depois de elogiada estreia com disco homônimo em 2011, o Passo Torto lança seu segundo álbum, batizado de "Passo Elétrico", com show nesta quinta-feira (13), no Sesc Vila Mariana.

Na apresentação, marcada para as 21h, o grupo formado por Romulo Fróes (voz e violão), Kiko Dinucci (voz e guitarra), Rodrigo Campos (voz, guitarra e cavaquinho) e Marcelo Cabral (voz e baixo acústico) tocará as 12 músicas do novo trabalho, além de alguns temas do CD anterior.

Como o próprio título do disco sugere, o Passo Torto revela agora canções com formação instrumental mais elétrica, diferente do primeiro álbum, mais acústico.

Everton Ballardin/Divulgação
Rodrigo Campos, Marcelo Cabral, Kiko Dinucci e Romulo Fróes, do grupo Passo Torto, que lança o disco
Rodrigo Campos, Kiko Dinucci, Marcelo Cabral e Romulo Fróes, do grupo Passo Torto, que lança o disco "Passo Elétrico"

A estética mais eletrificada foi praticamente um dos únicos nortes do grupo para a concepção do disco. De resto, prevaleceu a liberdade criativa, com todos os arranjos elaborados de maneira coletiva pelos quatro integrantes dentro do estúdio. O processo é mais simples do que se imagina: eles se propõem parcerias e, no estúdio, começam a "girar" a canção até achar um arranjo. Assim como o primeiro disco, "Passo Elétrico" trata-se de um álbum de quatro protagonistas desprendidos de gêneros e estilos musicais.

O disco, que será lançado também em vinil, pode ser ouvido gratuitamente no site passotorto.com.br

"Tem essa coisa não intencional de não romper com movimentos, tipo 'ah, vamos mexer aqui', mas ao mesmo tempo a gente pega uma música com uma levadinha bem característica, bem resolvida, e quer fuçar. 'Isso aqui está meio fácil, à mão demais', e a gente se diz: 'vamos colocar a cabeça para funcionar'", diz Marcelo Cabral.

"O Romulo levou uma música que, com ele tocando no violão, era igualzinha a uma bossa nova. A gente na hora falou: 'não, bicho, bossa nova não entra no disco do Passo Torto'", brinca Kiko Dinucci. Neste sentido de fuçar, de desconstruir a harmonia de algumas canções, Dinucci tem sido "convocado" por algumas pessoas, levando uma fama curiosa.

"É engraçado essa coisa de estragar... Isso tá começando a ganhar corpo. As pessoas me falam: 'Meu disco tá ficando muito bonito, vem aqui estragar'. (risos) Eu sou o destruidor de harmonias. O Kiko é o maior destruidor de harmonias da música brasileira. Tem a ver com o disco, a gente destruiu várias músicas, várias começavam bonitas e dóceis... É meio parecido com o que um pichador faz na cidade. O pichador influencia na arquitetura de algum jeito, às vezes é tido como feio. Acho muito mais destruição para a cidade um prédio com pelo de vidro, de 40 andares, isso eu acho muito mais agressivo do que uma pichação", comenta o compositor.

CIDADE COMO PERSONAGEM

Se o primeiro disco do Passo Torto trazia letras que eram espécies de crônicas com personagens urbanos, como "Samuel", "Cidadão" e "Faria Lima pra Cá" (que conta a história de um rapaz que não consegue pagar o aluguel, inflacionado com a chegada de uma estação de metrô na região de sua casa), o segundo tem a cidade de São Paulo como principal personagem.

"A musa é a cidade, ela ocupou um espaço de personagem que não ocupava no primeiro disco. Se no primeiro disco a gente produzia as imagens a partir de uma crônica, de uma narrativa, nesse segundo, a imagem vem antes do enredo. As músicas não têm enredo, nenhuma conta uma história como o primeiro disco contava. E essas imagens vão atormentando o ouvinte junto com a arquitetura sonora, a polifonia reflete muito o ritmo nosso de São Paulo", diz Dinucci.

O grupo voltou recentemente de uma apresentação em Lisboa e, por lá, apresentou seu disco novo. "Parece coincidência, mas a gente chega lá e vê uma cidade linda, em crise, mas totalmente preservada. Quando fui falar com a plateia durante o show, eu disse: esse aqui é o Passo Torto e a gente mora numa cidade destruída. Fiquei imaginando o público de Lisboa que nunca pisou em São Paulo imaginando como é a cidade pela nossa música. Será que está dando conta de mostrar o que é São Paulo com essa arquitetura sonora?", comenta o músico.

OUTROS PROJETOS E PRÊMIO

Ano passado, o Passo Torto foi um dos vencedores do Prêmio da Música Brasileira. Nesta edição da premiação, em cerimônia realizada na noite de ontem, foi a vez de um dos integrantes do grupo ser contemplado, novamente disputando com nomes do "mainstream". Rodrigo Campos foi o ganhador na categoria revelação com seu disco "Bahia Fantástica", com o qual ele segue fazendo shows.

Os outros integrantes do grupo também seguem com outros projetos. Romulo Fróes planeja gravar um disco com canções de Nelson Cavaquinho. Kiko Dinucci segue divulgando "MetaL MetaL", disco mais recente do Metá Metá (formado por ele, Thiago França e Juçara Marçal). Já Marcelo Cabral, que também toca em "Bahia Fantástica" e "MetaL MetaL", produziu o disco do rapper Sombra, que será lançado ainda neste mês. Ao lado de Daniel Ganjaman, Cabral trabalha na pré-produção do novo disco de Criolo, ainda sem previsão de lançamento.

PASSO TORTO
QUANDO hoje, às 21h
ONDE Sesc Vila Mariana (r. Pelotas, 141; tel. 0/xx/11/5080-3000)
QUANTO de R$ 6 a R$ 24
CLASSIFICAÇÃO livre


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