Folha de S. Paulo


Candidato único em eleição, Marcos Mendonça volta a presidir TV Cultura

O ex-secretário de Cultura de São Paulo Marcos Mendonça foi eleito na manhã desta segunda (13) para a presidência da Fundação Padre Anchieta (mantenedora da TV Cultura), com 35 votos, em reunião do Conselho Curador da fundação. Participaram 43 de seus 47 membros. Houve seis votos em branco e dois votos nulos.

Mendonça era candidato único à substituição de João Sayad, cujo mandato termina no próximo dia 10 de junho. Ele já presidiu a fundação entre os anos 2004 e 2007 e disse à Folha, durante o processo sucessório, que tem o objetivo de voltar à programação da TV Cultura para a conquista das classes C, D e E.

Marlene Bergamo/Folhapress
Marcos Mendonça, que retorna à presidência da TV Cultura
Marcos Mendonça, que retorna à presidência da TV Cultura

Sayad desistiu de tentar a reeleição ao tomar conhecimento da preferência do governador Geraldo Alckmin pelo nome de Mendonça, segundo pessoas próximas do processo sucessório.

O ex-secretário municipal de Cultura de São Paulo Carlos Augusto Calil manifestou intenção de se candidatar depois que um grupo de conselheiros se mostrou descontente com o processo de candidatura única. No entanto, Calil não obteve o apoio do número mínimo de conselheiros (oito nas categorias vitalício e eletivo) necessário para o registro de canditatura.

O orçamento da TV Cultura para 2013 é de R$ 194,2 milhões, segundo a assessoria da emissora. O advogado Belisário Santos Júnior foi reeleito para a presidência do Conselho Curador --também para um período de três anos

RATOS

Na segunda (6), a Folha publicou um artigo assinado por Sayad intitulado "Taxonomia dos ratos", em que ele tratou de corrupção no setor público.

O texto fazia distinção entre a "corrupção 'a la grande', associada a investimentos públicos enormes" e a do "corrupto 'petit cash', que instala-se em organizações públicas menores, nas quais pode atender a fisiologia e necessidades de financiamento eleitoral sem ser percebido".

Ouvido pela Folha na semana passada, Mendonça disse não ver "nenhuma ligação dessas questões" com sua gestão na TV Cultura. "A gente conseguiu um controle rigoroso das despesas e dos gastos, dando superavit. Todas as minhas contas foram regularmente aprovadas pelo Ministério Público e pelo Tribunal de Contas."

O economista Roberto Teixeira da Costa, que propôs o nome de Calil como candidato alternativo,"para não ficar no samba de uma nota só", classificou o artigo como "um desabafo". Ele diz ter "uma suspeita" sobre a quem se endereça o artigo, "mas suspeição não pode ser declarada".

O conselheiro e ex-governador de São Paulo Alberto Goldman (PSDB) disse que, se o artigo de Sayad "fez alguma referência à fundação, ele tem a obrigação de ser mais explícito. A indignação só não basta."

Belisário Santos Jr. afirmou ter "a convicção de que Sayad não se refere à TV Cultura, já que teve tempo para apurar qualquer coisa de errado que tenha acontecido e nunca trouxe ao conselho nada contra gestões anteriores".

Procurado pela Folha, Sayad afirmou, via assessoria de imprensa, que tudo o que tinha a dizer sobre o assunto estava em seu artigo.


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