Folha de S. Paulo


Documento sugere que CIA editou cenas de "A Hora Mais Escura" a seu favor

Um documento da CIA revelado nesta semana sugere que membros da agência americana ajudaram a moldar o roteiro de "A Hora Mais Escura", filme mais recente de Kathryn Bigelow sobre a captura do terrorista Osama bin Laden, no Paquistão.

Em janeiro, o Comitê de Inteligência do Senado dos Estados Unidos iniciou uma investigação para apurar se Bigelow e o roteirista Mark Boal permitiram que o material fosse visto previamente pelo alto escalão da CIA, que estava preocupada com a representação da agência na caçada ao terrorista da Al-Qaeda.

De acordo com o jornal britânico "The Guardian", a CIA pressionou os produtores do filme para que eles removessem cenas que pudessem ter impacto negativo para a agência. O documento resume cinco teleconferências realizadas no final de 2011 pelo serviço de relações públicas da CIA "para ajudar a promover um retrato adequado da agência e da operação Bin Laden".

A investigação teve início em fevereiro, depois que "A Hora Mais Escura", inicialmente apontado como um dos favoritos ao Oscar, deixou a cerimônia apenas com único prêmio de edição de som.

Segundo o memorando, a personagem de Jessica Chastain, protagonista do filme, foi originalmente concebida para participar ativamente de uma das primeiras cenas de tortura, mas, na versão final do filme, ela aparece apenas como observadora.

A cena em que um cão é usado no interrogatório de um dos suspeitos também foi retirada do roteiro. Finalmente, havia uma cena na qual os agentes participam de uma festa em um telhado em Islamabad, bebendo e disparando uma AK47 em comemoração.

Isso foi acordado apesar do uso documentado de cães agressivos em interrogatórios de suspeitos de terrorismo em Guantánamo nos primeiros dias da guerra de George W. Bush contra o terror e apesar de algumas das fotografias do escândalo depois de Abu Ghraib com cães ameaçadores e prisioneiros nus.

O memorando confirmaria as críticas de que o filme teria retratado os agentes da CIA de forma excessivamente positiva.

Em nota, o roteirista Mark Boal negou ter permitindo que a CIA influenciasse as decisões de roteiro de "A Hora Mais Escura".


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