Depois de passar por seis capitais desde o início da preparação para a Copa das Confederações, a seleção desembarcou ontem à noite em Belo Horizonte, a cidade mais temida pelos responsáveis pela segurança da equipe.
Na quarta-feira, o time disputa na capital mineira a semifinal contra o Uruguai.
Mesmo sem ter recebido um jogo importante até agora, a cidade é um dos principais palcos dos protestos contra os gastos da Copa-2014.
No sábado, cerca de 60 mil pessoas fizeram protesto nos arredores do Mineirão, que terminou com 37 feridos, 32 presos, depredação e furtos.
Além da temperatura política alta, a seleção ficará concentrada dentro da cidade, um lugar de fácil acesso aos manifestantes. Nas outras capitais, a CBF optou por hotéis em regiões afastadas do centro ou de locais badalados.
Mesmo isolado, o time teve sua rotina alterada pelos protestos. Em Brasília, foi obrigado a sair mais cedo do hotel e ganhou reforço de segurança na ida ao estádio. Em Fortaleza, manifestantes protestaram na porta do hotel.
O comando da Polícia Militar de Minas Gerais considera iminente um novo confronto com manifestantes no entorno do Mineirão. "Eu dou como certo", disse o comandante-geral, coronel Marcio Sant' Ana, que prevê também um combate mais duro pelo fato de o jogo ser do Brasil.
As duas manifestações anteriores foram antes das partidas envolvendo Taiti e Nigéria, na segunda-feira, e Japão e México, no último sábado.
Por darem como certo o novo confronto, a polícia recomenda que os manifestantes não sigam até o Mineirão.
"É prudente que os pais repensem a participação dos seus filhos nesse evento. Mudou o perfil dos manifestantes. As coisas tomaram outro rumo e isso nos preocupa", disse o chefe da Polícia Civil, delegado Cylton Brandão.
A PM diz que a segurança da torcida está assegurada. Segundo ele, nenhum problema aconteceu com os torcedores que foram ao Mineirão nos dois jogos anteriores.
VAIAS
Dentro do estádio também há temor. O Mineirão foi palco da última grande vaia para a seleção, já sob o comando de Luiz Felipe Scolari.
No dia 24 de abril, o time empatou por 2 a 2 em amistoso contra o Chile --nem mesmo a presença de Ronaldinho, ídolo do Atlético-MG, poupou o Brasil das críticas.
Na ocasião, Felipão disse que o torcedor tinha razão em vaiar. "Agora é diferente. Naquele jogo, o time estava em formação, agora tem uma identidade e vem jogando bem. Não temo pelas vaias", disse o meia Bernard, 20.
Caçula da seleção, ele foi formado no Atlético-MG. Apesar de Ronaldinho ter sido preterido, os atleticanos têm ainda o atacante Jô e o zagueiro Réver no elenco do Brasil.