Folha de S. Paulo


Casemiro vai de motivo de chacota a peça importante do Real Madrid

Quando jogava no São Paulo, Casemiro, 25, era galáctico apenas no apelido. A alcunha de "Kaisermiro" era dita algumas vezes em tom de chacota. "Kaiser" é imperador em alemão. Apelido dado a Franz Beckenbauer, capitão da Alemanha Ocidental campeã da Copa do Mundo de 1974, e um dos maiores nomes da história do futebol.

Quando Casemiro jogava no Brasil, era considerado um volante promissor, mas que não conseguia realizar o potencial visto nas categorias de base como profissional. Alguém que parecia lento e desinteressado em campo.

Jogando como segundo volante e, às vezes, como meia, não conseguia chegar ao ataque e voltar para marcar.

As críticas cresciam nas fases ruins no Morumbi e ser flagrado em boates não ajudou sua reputação.

Até ser questionado por um de seus assessores: "Por que você não joga como primeiro volante?" Ele já havia pensado no assunto, e foi aí que sua carreira mudou.

Nesta terça-feira (7), ele entra em campo como titular do Real Madrid para enfrentar o Napoli pela partida de volta das oitavas de final da Liga dos Campeões da Europa. No primeiro jogo, na Espanha, o Real venceu por 3 a 1.

Longe das críticas da época de São Paulo e fixado na posição de primeiro volante, mudou a percepção que o público tinha de seu futebol.

"Casemiro sempre jogou muito. Mas nem todos perceberam isso. É ambidestro e tem muita visão de jogo para o passe vertical. Joga de cabeça erguida. Ele é perfeito para a filosofia do Real Madrid", afirma o técnico Sergio Baresi, que dirigiu o volante nas categorias de base.

Ele chegou ao time principal do São Paulo em 2010 e três anos depois foi emprestado para o Real Madrid B, após 111 jogos pelo clube.

Na Europa, foi José Mourinho quem primeiro percebeu que as constatações de Baresi faziam sentido. O português viu que o senso de posicionamento de Casemiro e sua visão de jogo serviam para a saída de bola da defesa.

E foi assim que ele foi escalado tanto no Real Madrid quanto no Porto, clube para o qual foi emprestado por uma temporada em 2014.

Lá, acostumou-se a discutir táticas e posicionamento com o técnico espanhol Julen Lopetegui, e se firmou, já que em Madri havia concorrência de Xabi Alonso, o dono da posição que Casemiro almejava.

"O Real Madrid ganhou a Liga dos Campeões [de 2016] por causa de Casemiro. Ele foi a solução para os problemas da equipe", elogiou o uruguaio Gus Poyet, ex-técnico do Betis, da Espanha.

Casemiro, que desde os 14 anos é responsável por cuidar da família e é visto como um pai pelos irmãos que desde cedo dependiam dele, montou uma estrutura particular para acompanhá-lo na capital espanhola, com preparador físico e fisioterapeuta. Montou uma academia em casa para usar nas folgas.

Se em 2013 a notícia de sua contratação pelo Real Madrid surpreendeu, ouvir o nome do volante nas convocações de Tite virou algo comum.

Agora, ser campeão da Liga dos Campeões pode também virar rotina. Ele busca seu terceiro título. Se conseguir, estará ao lado de Roberto Carlos, Daniel Alves e Sávio como brasileiro com mais troféus na competição.

NA TV
Napoli x Real Madrid
16h EI Maxx


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