Folha de S. Paulo


Fundador da Mancha Verde é morto, e torcida suspende suas atividades

Edison Temoteo/Futura Press/Folhapress
Carro onde Moacir Bianchi foi encontrado morto
Carro onde Moacir Bianchi foi encontrado morto

Moacir Bianchi, 49, um dos fundadores da Torcida Mancha Verde, conhecida atualmente como Mancha Alvi Verde, morreu nesta quinta-feira (2). Segundo a Polícia Civil, ele foi assassinado e seu carro foi encontrado com 22 perfurações a bala. Diante do ocorrido, a organizada anunciou por meio de nota nas redes sociais que suas atividades foram encerradas por tempo indeterminado.

Bianchi foi encontrado morto por volta das 4h por policiais na avenida Presidente Wilson, na altura do número 3.100, no bairro do Ipiranga, na zona Sul de São Paulo. Ele recebeu cinco tiros no abdome, cinco no pescoço, três no ombro direito, um no rosto, um no lado direito do tronco, cinco no braço direito, um na perna direita e um na cabeça.

Uma testemunha relatou que quando Bianchi, que estava dirigindo um veículo Honda City, parou no semáforo, outro veículo parou atrás dele. Os suspeitos saíram do carro e fizeram os disparos, fugindo em seguida. O caso está sendo investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

Segundo a Folha apurou, a Polícia Civil está ouvindo parentes e amigos da vítima para montar seu perfil. Com dados levantados até agora, trabalham com duas principais linhas de investigação.

Uma delas é que o assassinato pode estar ligado a uma disputa interna pelo comando da torcida organizada. Os policiais foram informados sobre uma briga, ocorrida nos últimos dias, entre dois setores dessa organizada.

Nas últimas semanas, comentários nas redes sociais e áudios compartilhados por WhatsApp tratam de rivalidade entre membros de facção da organizada ligada à zona sul e outros da zona leste. A rixa teria resultado em confronto físico abrangendo agressões ao atual presidente da organizada, Nando Nigro, há duas semanas. A Folha tentou contato com diversos membros da Mancha, que preferiram não se pronunciar.

Outra possibilidade investigada pelo DHPP é de um possível acerto de contas envolvendo a vida empresarial de Bianchi, ligado a bares e casas noturnas. Nesse aspecto, é investigado se algum inimigo determinou o assassinato do empresário para se vingar de eventual litígio.

HISTÓRICO

Em 1983, Bianchi fundou a Mancha na companhia de 14 outros palmeirenses. Entre eles estava um de seus melhores amigos, Cleofas Sóstenes Dantas da Silva, mais conhecido como Cléo, morto a tiros em 1988 aos 22 anos diante da sede da organizada.

Em entrevista dada ao portal R7 em 2013, Bianchi enumera dezenas de brigas de que participou. Segundo ele, a Mancha ganhou fama por causa dessa violência.

Ele fez parte de alguns dos momentos mais tensos de atividade da organizada: em 1990, quando torcedores destruíram a sala de troféus do clube após eliminação no Paulista; e em 1995, no Pacaembu, quando torcedores do Palmeiras e do São Paulo se enfrentaram na final da Supercopa de Juniores, deixando 102 feridos e um morto.

Bianchi foi presidente da Mancha entre 1989 e 1990. Ele será velado na manhã desta sexta-feira (3) no cemitério do Jaraguá e enterrado na sequência no mesmo local.


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