Folha de S. Paulo


Michael Phelps seria competitivo em 2020, diz técnico Bob Bowman

Bob Bowman, 52, assistiu das arquibancadas do Estádio Aquático Olímpico, no Rio, ao último pódio de seu pupilo mais destacado.

Ao receber a medalha de ouro pela vitória no revezamento 4 x 100 m medley, em 13 de agosto, Michael Phelps, 31, pôs fim à carreira mais laureada em todos os tempos em Jogos Olímpicos.

Ele deixou o esporte com 28 conquistas na Olimpíada –das quais 23 de ouro–, dez a mais do que sua perseguidora imediata, a ex-ginasta soviética Larisa Latinina.

Phelps, que havia se aposentado após os Jogos de Londres, deixou a Olimpíada carioca com seis medalhas.

Para Bowman, que o orientou por 20 anos, no entanto, a lista de façanhas poderia ganhar acréscimos.

"Michael ainda estaria competitivo na Olimpíada de Tóquio", afirmou o treinador à Folha, para em seguida adotar tom mais realista.

"Mas, em minha opinião, não existe qualquer chance de que ele retorne à natação competitiva. Seus dias de natação terminaram."

Phelps teria 35 anos nos Jogos de 2020. No Rio, seu compatriota Anthony Ervin triunfou na prova dos 50 m livre com a mesma idade.

Porém, com Phelps, a expectativa é outra. Ele insistiu que o Rio marcaria o desfecho de sua carreira, e reiterou não haver chance de voltar.

Ambos começaram a trabalhar juntos entre 1996 e 1997, quando Phelps tinha 11 anos, em Baltimore.

Desde então, construíram uma das parcerias mais vencedoras do esporte, mas não deixaram de ter rusgas.

Segundo o técnico, a mais difícil delas ocorreu após atingirem o auge nos Jogos.

"As maiores dificuldades que encaramos foi quando Michael perdeu a motivação para treinar depois dos Jogos de Pequim [em 2008]. Aquilo causou uma grande tensão em nossa parceria", disse.

Phelps conquistou oito medalhas de ouro na Olimpíada da China, batendo a marca do também nadador Mark Spitz -que havia faturado sete em Munique, em 1972.

Na esteira da façanha, porém, só se meteu em confusão: foi flagrado fumando maconha, envolveu-se em acidentes e perdeu o foco.

Bowman conta os altos e baixos do relacionamento com o pupilo no livro "As Regras de Ouro" (Benvirá), que foi lançado no primeiro semestre nos EUA. No livro, também fala dos métodos que empregou para lapidá-lo.

O técnico relata a dificuldade de motivar o nadador para os Jogos de Londres. Apesar de Phelps ter deixado o evento com seis pódios, Bowman afirmou que lá sofreu sua maior frustração.

"A grande decepção de minha parceria com Michael foi na prova dos 400 m medley em Londres. Ele não estava preparado para nadá-la, poderia ter ido muito melhor."

Os 400 m medley são uma prova emblemática para Phelps. Ouro nos Jogos de Atenas e Pequim, terminou fora do pódio em Londres, na quarta posição –Thiago Pereira levou a prata.

As Regras de Ouro
Bob Bowman, Charles Butler
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Bowman lamenta ainda mais porque considera a vitória na mesma prova em Atenas o momento máximo da trajetória de Phelps –foi sua primeira medalha olímpica.

As desilusões em Londres, a aposentadoria e a volta bem-sucedida mudaram Phelps, segundo Bowman.

"Minha melhor recordação é que conseguimos trabalhar como técnico e atleta por 20 anos com sucesso", disse.


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