Folha de S. Paulo


Presidente da Fifa discursa na CBF e diz que é preciso transparência

Arquivo pessoal
Pres da FPF Reinaldo Carneiro bastos, del nero, infantino, alejandro dominguez pres da conmebol e fernando sarney, vice da cbf e membro da cbf no comite ex da fifa
Infantino visita a sede da CBF, no Rio de Janeiro, e discursa para cartolas

A primeira visita ao Brasil do presidente da Fifa eleito em fevereiro, o suíço Gianni Infantino, teve discurso para que haja transparência no futebol.

O cartola, que assumiu em meio ao maior escândalo de corrupção da história do futebol, conversou nesta quinta (4) no Rio com presidentes de clubes, de federações e, claro, com Marco Polo Del Nero, que preside a CBF. O brasileiro é um dos acusados pela Justiça dos EUA de receber propina para vender direitos comerciais de torneios na América do Sul – ele nega qualquer irregularidade. Del Nero também é investigado pelo Comitê de Ética da Fifa.

A Folha apurou que o discurso de Infantino foi de unidade, mas afirmou que o futebol passa por seu momento mais delicado e que é preciso transparência para que o esporte volte a ter a credibilidade de antigamente.

O encontro foi o primeiro entre Infantino e Del Nero depois que o suíço foi eleito, já que o presidente da CBF não tem deixado o Brasil desde maio de 2015, quando dezenas de cartolas começaram a ser presos.

À CPI do Futebol no Senado, em dezembro de 2015, ele disse que não viaja ao exterior por orientação de seus advogados.

Infantino e Del Nero tiveram 15 minutos de maior privacidade, em uma sala com a presença apenas do presidente da Conmebol, o paraguaio Alejandro Dominguez, e de Fernando Sarney, vice da CBF que é um dos representantes da América do Sul no Comitê-Executivo da Fifa.

"Foi uma visita de cortesia, protocolar, sem novidades ou propostas", disse o secretário-geral da CBF, Walter Feldman. Ele afirmou que Infantino e Del Nero não falaram sobre corrupção no futebol.

Depois, o presidente da Fifa discursou para cerca de 40 pessoas, entre presidentes de clubes, de federações e diretores da CBF.

O critério de convite para os clubes participantes do encontro foi curioso e, segundo a CBF, sugerido por Alejandro Dominguez: presidentes de equipes que já participaram de torneios sul-americanos.

Entre os convidados, portanto, estavam os clubes de maior torcida do Brasil, como o Flamengo, mas também de fora do eixo Sul-Sudeste, como o Paysandu de Belém. O único time que não aceitou o convite e não enviou representante foi o Corinthians, que tem relacionamento conturbado com a direção da CBF.

Infantino deu detalhes da organização da Liga dos Campeões da Europa, um dos torneios mais rentáveis do mundo e que organizou quando foi secretário-geral da Uefa (União Europeia de Futebol). Afirmou que é importante a fidelidade de patrocinadores, e disse que a Libertadores pode ser tornar uma competição que dê retorno financeiro como é a Liga dos Campeões.

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Infantino chegou à sede da CBF por volta das 10h30, e ficou no local por cerca de duas horas. Visitou o museu da seleção brasileira, viu uma placa em homenagem a sua visita ser inaugurada e ganhou camisas da seleção, com seu nome nas costas, e de alguns clubes, como o Fluminense.

Mas não almoçou por lá. Ele já tinha recusado convite de Del Nero para ir a Brasília ver a estreia da seleção masculina de futebol na Rio-2016, contra a África do Sul. Avisou que teria agenda no Rio e que veria os jogos do dia no Engenhão.

Del Nero, no final, acabou também desistindo de ir a Brasília ver a estreia da seleção por causa do horário apertado.

Infantino chegou ao Engenhão aos 36 minutos do segundo tempo da preliminar, que terminou com vitória de Honduras sobre a Argélia por 3 a 2 —o segundo confronto será entre Argentina e Portugal.

E virou atração em uma área vip, tirando fotos com diversos voluntários e funcionários do estádio.

Ele estará na cerimônia de abertura da Olimpíada, nesta sexta (5) no Maracanã, e volta para a Europa no sábado (6).


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