Folha de S. Paulo


Autor de livros sobre corrupção na Fifa vê chance de limpar o futebol no Brasil

Ueslei Marcelino/Reuters
Andrew Jennings durante depoimento no Senado, em Brasília, em outubro de 2011
Andrew Jennings durante depoimento no Senado, em Brasília, em outubro de 2011

Voz mais crítica entre os jornalistas que acompanham a Fifa, Andrew Jennings prevê que o apoio a Joseph Blatter e aos atuais dirigentes da entidade vai evaporar. Especialmente onde mais vai doer: nos patrocínios milionários para a entidade.

"Você acha que o presidente da Coca-Cola ou da Visa vai querer tirar foto com alguém da Fifa? Acha que eles vão querer ver suas empresas ligadas a isso tudo o que está acontecendo? Ao contrário, vão querer escorraçá-los", disse o jornalista escocês, em entrevista à Folha.

Divulgação
"Jogo Sujo - O Mundo Secreto da Fifa", um dos livros de Andrew Jennings

Atendendo sucessivos telefonemas e eufórico com os desdobramentos das investigações do Departamento de Estado norte-americano, o autor de cinco livros sobre corrupção no esporte não vê grande possibilidade de os cartolas ficarem muito tempo presos mas, apesar disso, considera os fatos desta quarta (27) uma oportunidade que não pode ser desperdiçada para "limpar" o futebol dos cartolas que o controlam há várias décadas. Também no Brasil.

"Eles [os procuradores dos Estados Unidos] têm todos os documentos. Estão olhando o contrato da Nike [com a CBF]. São tempos excitantes. Há uma chance de construir o futebol brasileiro a partir da raiz. Agora é tempo do governo brasileiro chegar e dizer que vai organizar o futebol. Vocês [brasileiros] votaram neste governo. Se acontecer uma limpeza na CBF, o Brasil estará dando uma contribuição legítima para o futebol mundial", pede o jornalista.

Com a eleição presidencial marcada para esta sexta (29), dirigentes como o presidente da Federação Inglesa, pede que a possibilidade de adiamento seja discutida. Para Jennings, isso faz muito pouca diferença. Blatter é o grande favorito para ser reeleito para o cargo que ocupa desde 1998.

"Pouco importa [o resultado da eleição]. É o fim de todos eles. O dinheiro vai fugir deles. São a ralé", completa.

Uma das declarações que mais animou Jennings é sobre o desdobramento das investigações. Que esta está no começo e que há muito a ser revelado.

"Claro que está só começando. Há uma gigantesca investigação de corrupção em andamento e há mais por vir. É um grande dia para o futebol", conclui.


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