Folha de S. Paulo


Sem Kaká, jogadores do São Paulo admitem falta de novo líder

Eduardo Anizelli/Folhapress
Michel Bastos durante entrevista para a Folha
Michel Bastos durante entrevista para a Folha

Jogadores do São Paulo têm conversado entre si em busca de "algo a mais" para o time engrenar na temporada, especialmente após a derrota para o Corinthians por 1 a 0, no domingo (8). Michel Bastos disse à Folha que esse "algo a mais" tem a ver com a busca por um líder dentro de campo.

Apesar de o São Paulo ter o goleiro Rogério Ceni, capitão e jogador extremamente identificado com o clube –são 23 anos no Morumbi–, há um consenso entre os jogadores que a equipe precisa de um líder entre os que atuam na linha.

"A gente conversa sobre isso, sabe que está faltando algo e esse algo tem a ver com um líder em campo. Não há uma formalidade, como reuniões para escolher o líder. Não é isso. São conversas buscando o melhor. Falta algo a mais para ajudar nos momentos difíceis", disse Bastos à reportagem.

Um momento que serve para ilustrar a necessidade de a equipe ter alguém que possa fazer o time se reerguer durante as dificuldades ocorreu no clássico.

O São Paulo começou melhor, mas se desestruturou logo após o Corinthians abrir o placar com Danilo, aos 11 minutos do primeiro tempo.

Desorganizado, a equipe tricolor perdeu o controle do jogo até o final do primeiro tempo e quase levou o segundo gol corintiano, com o meia Elias.

Até pouco tempo o São Paulo teve um jogador com esse perfil dentro de campo. Foi o meia Kaká, que jogou entre julho e dezembro do ano passado –hoje está na liga americana, no Orlando City.

A passagem dele pelo Morumbi, embora tenha sido curta, é lembrada por todos como exemplo de liderança e comprometimento no São Paulo.

"Hoje falta um jogador como ele no grupo. Cabe a nós assumirmos essa responsabilidade de comandar o time dentro de campo. Muricy pediu para a gente se cobrar mais em campo", disse Bastos, em coletiva.

A busca por um líder não deveria ser tarefa complicada. No elenco tricolor, há muitos jogadores experientes, como Luis Fabiano, 34, Michel Bastos, 31, Alan Kardec, 26, Paulo Henrique Ganso, 25, Denílson, 27, e Souza, 26.

Mas muitos não reúnem algo que Muricy tem pedido.

"Eles têm que conversar mais, futebol não é assim. Nosso time é muito quieto e se respeita até demais, isso não é bom, então não adianta. Liderança é do cara. O Kaká não dava esporro, mas estava sempre com sorriso e bons exemplos. Esse é o líder. Quem está sempre de cara feia não é bom líder. E ainda falta esse jogador para a gente", disse o treinador, no domingo (8).

Michel Bastos admitiu que não é o perfil dele falar muito em campo. Assim como ocorre com os demais jogadores do elenco –a exceção é Rogério Ceni.

Mas a preocupação de Muricy já faz o meio-campista admitir mudar o perfil. "Nunca fui de conversar muito dentro de campo. É meu perfil, mas, se for preciso, a gente fala também", disse Michel.

O São Paulo terá ao menos oitos jogos até o próximo confronto com o Corinthians –dia 22 de abril, no Morumbi, pela Libertadores. Até lá, Michel Bastos afirma que espera que o time tenha encontrado o "algo a mais".

"Temos que dar mais em todos os sentidos. Vários jogos a gente conseguiu unir esses quesitos [vontade com técnica], jogando bem. Temos time para isso. Está faltando um pouco de cada ingrediente para conseguir ganhar as partidas convencendo. Vamos evoluir até o próximo clássico", garantiu.


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