Folha de S. Paulo


Brigas entre torcidas resultam em recorde de autuações no Rio

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As brigas entre torcidas organizadas antes de Vasco x Fluminense, no domingo (22), no Rio, levaram a um recorde de autuações de torcedores pela polícia do Estado.

Foram presos 118 homens -19 são menores, que permanecem apreendidos. De acordo com o tenente-coronel João Fiorentini, comandante do Grupamento Especial de Policiamento em Estádios (Gepe) todos foram autuados e serão investigados pela sua participação nas brigas.

O recorde mostra uma mudança na forma como a polícia está lidando com os casos de brigas entre torcidas.

Em 2011, por exemplo, 102 torcedores foram detidos após briga entre flamenguistas e vascaínos, em Niterói (RJ), mas acabaram livres após prestar depoimento (leia mais ao lado).

A delegada titular do 24º DP, Cristiane Carvalho de Almeida, afirmou que os detidos foram autuados em flagrante por formação de quadrilha qualificada e pelo crime, previsto no Estatuto do Torcedor, de promover tumulto no entorno do estádio.

De acordo com a Polícia Civil do Rio, já tinham antecedentes criminais mais da metade dos 99 adultos presos próximo ao estádio Nilton Santos, o Engenhão, que fica na zona norte do Rio.

Um dos presos, aliás, já havia sido detido em dezembro de 2013, quando vascaínos e torcedores do Atlético-PR entraram em conflito na arquibancada da Arena Joinville, em Santa Catarina.

Segundo a Polícia Civil, os flagrantes dos torcedores detidos foram comprovados por meio de declarações dos policiais militares que trabalharam na segurança do jogo.

"Os policiais explicaram que conseguiram individualizar as pessoas [identificar as ações de cada um] porque quando o tumulto vira briga a situação já está bem avançada. É o momento que eles vêm [na direção dos policiais] e recuam", disse a delegada.

Advogados e parentes de torcedores presos ouvidos pela Folha dizem que todos negam as acusações.

CONFRONTOS

De acordo com Fiorentini, a briga começou quando torcedores do Vasco chegaram ao bairro do Méier, próximo ao Engenhão, utilizando rota alternativa em relação à que havia sido combinada pelas organizadas em reunião na semana passada.

Fiorentini disse que "os brigões estavam armados com paus, pedras, rojões e protetores bucais, o que indica claramente que estavam prontos para uma batalha".

Os torcedores foram presos após duas brigas: uma na altura da estação de trem do Méier, por volta das 14h30, entre as torcidas Young Flu e Força Jovem do Vasco e outra, às 15h30, entre os próprios torcedores do Vasco.

A reportagem procurou as torcidas organizadas, mas não obteve retorno.

No início da tarde desta segunda (23), os presos foram levados para o Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, zona oeste da cidade. Já os menores foram encaminhados à Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), no centro.

O advogado Leonardo Rodrigues, que defende torcedores vascaínos, disse que entrará com pedido de habeas corpus para que seus clientes possam responder em liberdade. Ele não quis informar os nomes dos torcedores para os quais trabalha.

IMPUNIDADE

Casos de detenções em massa após brigas relacionadas a jogos de futebol já aconteceram no Brasil, mas a praxe é os torcedores serem interrogados e depois liberados.

Em 1° de maio de 2011, 102 pessoas foram detidas após uma briga entre as torcidas de Flamengo e Vasco, em Niterói.

Em 6 de novembro de 2014, 87 pessoas foram detidas, entre elas dois menores de idade, depois de confronto após o Atlético-MG vencer o Flamengo por 4 a 1, pela Copa do Brasil.

Em fevereiro de 2015, 43 membros de organizadas do Corinthians foram detidos após espancarem um são-paulino no metrô. Eles voltavam da eleição para presidente do clube.


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