Folha de S. Paulo


UFC eleva rigor antidoping após suspeitas sobre Anderson Silva

O UFC, mais importante circuito mundial de MMA (artes marciais mistas), apontou nesta quarta-feira (18) o caso do lutador brasileiro Anderson Silva como o catalisador para acelerar a implementação de rigoroso programa para inibir os casos de doping.

Entre as medidas anunciadas estão a realização de mais testes-surpresa fora de competição, aumento do tempo de suspensão (para quatro anos) e cassação de títulos.

Anderson foi flagrado em dois testes antidoping em janeiro, ambos relacionados à sua última luta, no dia 31, contra o norte-americano Nick Diaz, após mais de um ano fora de combate por causa de uma fratura na perna.

"O que aconteceu com o Anderson [Silva] nos convenceu a acelerar o processo. Não podíamos ficar sentados", disse o diretor-geral do UFC, Lorenzo Fertitta, sobre a implantação do programa que era discutido há 18 meses.

Segundo o presidente do UFC, Dana White, a maior promotora de lutas de MMA do planeta investiu US$ 500 mil em antidoping nos últimos meses para incrementar o programa de testes-surpresa feito pela Comissão Atlética de Nevada (EUA), Estado onde fica Las Vegas, palco da maioria das lutas do circuito.

Nos últimos meses, vários casos de doping assombraram o UFC. Além de Anderson, outros lutadores famosos foram flagrados, como o campeão dos meio-pesados, Jon Jones,pego por uso de cocaína em teste fora de competição –ele pagou multa.

Editoria de Arte/Folhapress

O cubano Hector Lombard, ex-campeão do Strikeforce (circuito concorrente) que atualmente compete no UFC, também foi flagrado, suspenso e retirado de uma programação de lutas.

Sobre o caso específico de Anderson, porém, os dirigentes do UFC preferiram adotar a cautela. Lembraram que o caso está a cargo da comissão de Nevada, que deverá julgar o caso em março ou abril.

Sobre o restante do contrato do brasileiro, que inclui mais 10 a 14 combates, White se limitou a dizer que depende do que acontecer quando Anderson se apresentar à comissão e se defender.

"Não estamos pensando nas lutas futuras de Anderson. Há ainda um longo processo judicial pela frente."

As medidas anunciadas nesta quarta, segundo os dirigentes do UFC, serão implantadas, porém não há garantia de que aconteçam todas na mesma data, pois dependem das comissões atléticas e federações nacionais.

O UFC pretende começar a aplicar testes antidoping surpresa entre 12 e 14 semanas antes de lutas por títulos ou em competidores que participem dos eventos principais.

O UFC quer ainda que todos os lutadores sejam testados no dia do combate, vai modificar os termos de seus contratos para exercer maior controle antidoping e realizar ações em conjunto com entidades reconhecidas no combate ao uso de doping.

Quanto às punições, o UFC usou o exemplo dos esportes olímpicos, que impõem penas bastante pesadas, e defende suspensão de até quatro anos (hoje é de até nove meses) para quem for flagrado usando doping para melhorar a performance e até a eventual cassação de títulos.

"[Não faz tanta diferença] se o lutador que luta uma vez por ano pega uma suspensão de nove meses. Mas se o atleta já tem 28 anos e corre o risco de ser suspenso entre dois e quatro anos, pode fazer uma diferença. Pode significar o fim da carreira dele", argumentou White.

"Se alguém precisa de [doping] para competir, então aqui [o octógono do UFC] não é o seu lugar", finalizou.

Editoria de Arte/Folhapress

Endereço da página:

Links no texto: