Folha de S. Paulo


Mais popular que Neymar, Kaká se apresenta e leva fãs chineses ao delírio

Gritos, choro, histeria coletiva. A chegada de Kaká nesta quarta-feira (8) a Pequim, onde se juntou à seleção para os dois amistosos na Ásia, confirmou que o meia do São Paulo é, de longe, o jogador mais popular do elenco brasileiro entre os chineses, superando até mesmo Neymar.

Dezenas de fãs causaram um enorme tumulto na entrada do hotel em que o Brasil está hospedado na capital chinesa ao ver Kaká, que foi convocado para substituir Ricardo Goulart, cortado por contusão.

"É a terceira vez que eu venho à China. Das outras vezes eu fui recebido desta forma, mas desta vez foi surpreendente. Eu não esperava que fosse a recepção tão calorosa. Acho que pela convocação em cima da hora, ou pelo fato de eu estar jogando no Brasil. Mas parece que o carinho deles continua o mesmo comigo, como o meu continua o mesmo com eles", disse o meia demonstrando surpresa com o alvoroço que provocou.

Kaká se apresentou junto com o goleiro Marcelo Grohe, o zagueiro Juan e o volante Souza, que chegaram atrasados a Pequim devido à demora na emissão do visto dos quatro. O único que ainda não chegou a Pequim foi o volante Rômulo, do Spartak de Moscou, que também teve atrasos no visto.

Dezenas de fãs, a maioria meninas, cercaram Kaká na entrada do hotel, com pedidos de fotos e autógrafos, ignorando os outros três jogadores. Em sua primeira convocação para a seleção brasileira após 19 meses, o meia do São Paulo disse que não quer pensar muito longe –ele terá 36 anos na próxima Copa–, preferindo se concentrar no que pode contribuir ao time de Dunga no momento.

"O que eu posso ajudar é na parte tática e na parte técnica, da mesma forma que eu venho contribuindo no São Paulo", disse à Folha. "Fora de campo, com a minha liderança, minha maturidade e experiência, por tudo que eu vivi na seleção no período de três Copas do Mundo."

Marcelo Ninio/Folhapress
Kaká recebe uma Kaká biografia sua feita pelo jornalista chinês Li Hailong (dir.)
Kaká recebe uma biografia sua feita pelo jornalista chinês Li Hailong (dir.)

Questionado se sua popularidade na China pode ter contribuído para ter sido convocado, ele disse que acredita que foi principalmente por critério técnico. "Acho que teve pouca influência", disse, sorridente.

Para os organizadores do amistoso em Pequim, contudo, a convocação de Kaká certamente foi uma grande notícia. "Pena que não decidiram antes que ele viria, porque teria sido excelente para a promoção da partida", disse Ken Bai Chuan, diretor da empresa que organiza o amistoso.

Kaká tem até uma biografia na China, lançada neste ano pelo jornalista Li Hailong, que entregou uma cópia ao jogador nesta terça. "Decidi escrever o livro numa época em que ele estava em baixa, se recuperando de contusão, mas nunca desistiu", disse Li.

Uma votação no site do grupo de mídia chinês Phoenix, responsável pela promoção da partida, mostra que Kaká é o mais popular disparado entre os jogadores que vieram a Pequim: até terça, ele tinha recebido 33.319 mil votos. Neymar estava em segundo, com 13.476 e Messi em terceiro, com 12.181.

Aparentemente, porém, o duelo entre Neymar e Messi e a mística do duelo Brasil-Argentina foram suficientes para mobilizar os torcedores chineses e encher os cofres dos promotores: segundo uma fonte ligada à organização, os 55 mil ingressos disponíveis para o jogo de sábado já estão praticamente esgotados. Os preços variam entre 800 yuans (R$ 310) e 10 mil yuans (R$ 3.900).

A seleção brasileira enfrenta a Argentina no sábado (11), às 9h05, no estádio Ninho do Pássaro, em Pequim. Três dias depois, enfrenta a o Japão, em Cingapura.


Endereço da página:

Links no texto: