Folha de S. Paulo


Em troca de lugar privilegiado, fiscais trabalham duro no GP Brasil

Enquanto alguns pagam milhares de reais para visitar o paddock e ficar instantes mais perto dos carros de F-1, os fiscais de pista, sem gastar um centavo, sentem de perto a emoção das corridas. Uma privilégio que não é fácil conseguir.

Para ser selecionado para uma das cerca de 330 vagas de trabalho voluntário para o GP Brasil, os candidatos passam por um longo período de testes, além de um cansativo treinamento.

"A pessoa precisa gostar de automobilismo e ter uma boa condição de saúde, já que vai ficar um período grande na pista, com sol ou chuva", afirma Alfredo Tambuti Júnior, diretor esportivo do GP.

O primeiro passo para se candidatar a uma vaga é conseguir a indicação de um dos membros permanentes da Interpro (empresa responsável pela organização do GP) ou manifestar o interesse pelo e-mail da Associação Desportiva Nacional de Oficiais e Comissários de Competição (adnocc@adnocc.com.br).

Depois de algumas reuniões prévias, os candidatos são indicados para uma função de acordo com sua aptidão. Em seguida, devem fazer cursos e testes teóricos sobre sua função pela internet.

Após a aprovação nesses testes, os candidatos a voluntário são chamados para treinos práticos nos fins de semana, cerca dois meses antes do GP Brasil.

"Ele [o candidato] tem que vir para o autódromo todo fim de semana e ficar umas cinco ou seis horas fazendo treinamentos específicos com cada grupo", conta Tambuti.

Só após a realização dos treinos práticos, o voluntário estará a apto a trabalhar no GP Brasil de F-1.

Porém, mesmo depois desse longo caminho, o trabalho está apenas começando.

"São três dias desgastantes. A gente acorda 4h da manhã e sai do autódromo as 19h, mas é aquela história, se você tem paixão por aquilo você vai fazer com o maior prazer", diz o engenheiro Maurício Graça de Oliveira, 55, que há 14 anos é voluntário em Interlagos.

Os organizadores do GP mantêm um quadro permanente de voluntários, mas todo ano é feita uma reciclagem. Alguns membros mudam de função e outros entram na equipe.

RISCO

Há quase 20 anos um piloto não morre durante um Grande Prêmio de F-1, mas os acidentes com fiscais ainda não ficaram no passado.

Em junho, durante o GP do Canadá, um fiscal morreu após ser atropelado por um guindaste enquanto retirava da pista a Sauber de Esteban Gutiérrez.

Durante o treinamento, os voluntários do GP Brasil recebem orientações para evitar ao máximo acidentes e equipamentos de proteção como capacetes e luvas.

"No Brasil temos um nível de segurança que é exemplo para outros lugares do mundo", afirma Maurício, que, mesmo assim, não deixa de sentir uma certa preocupação.

"A gente sente uma mistura de medo e emoção, mas acho que a emoção supera o medo. É um pouco como imagino que o piloto deve se sentir."


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