Folha de S. Paulo


Falta de material emperra antidoping fora de competição de atletismo

Um problema burocrático impede que a CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo) importe mil kits --frascos de coleta de testes antidoping de urina e de sangue-- que serão usados neste ano.

O material é considerado fundamental para a execução de exames fora de competição, que é orientação das principais autoridades mundiais e meta da entidade.

"Sem kit há problema para fazer esse tipo de exame. E nosso objetivo é aumentar os controles fora de torneios", disse Thomaz Mattos de Paiva, chefe da Conad (agência antidoping da CBAt). No ano ainda não foi feito nenhum controle do tipo.

Em 2012, a entidade realizou 659 exames, mas apenas 18 não ocorreram em campeonatos --método tido como o mais eficaz por autoridades para flagrar ilicitudes.

Como comparação, a Iaaf (Associação Internacional das Federações de Atletismo) realizou 787 controles fora de competição em 2012.

O que trava a importação dos kits não é falta de verba, mas sim um problema legal.

Como mudou sua sede de Manaus para São Paulo neste ano, a CBAt teve problemas para transferir e regularizar seu CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) e isso travou a importação do material.

"No Brasil, para importar, é preciso ter tudo certinho. Não tivemos como trazer as cargas. Aumentamos o número de controles ano a ano, mas agora caiu nossa ação fora de competição", afirmou Martinho Nobre dos Santos, superintendente da CBAt.

Para não acabar com estoque, Martinho recebeu ajuda do CPB (Comitê Paraolímpico Brasileiro), que emprestou cem kits. "Isso não é problema, porque já emprestamos ao CPB no passado. Posso pegar mais cem na semana que vem, se precisar", disse.

O dirigente também declarou que a Confederação Brasileira de Judô ofereceu ajuda, rejeitada. "Como eles organizarão um Mundial em agosto, podem necessitar."

Cada kit tem um custo final de cerca de R$ 60 e precisa ser aprovado pela Agência Mundial Antidoping. A CBAt importa-o da suíça Berlinger, que o envia ao Brasil de avião.

Nesta semana, dois brasileiros tiveram testes positivos anunciados: Sabine Heitling (3.000 com obstáculos) e Idalto Rodrigues (maratona).


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