Folha de S. Paulo


Presidente do Palmeiras diz que regalias das torcidas organizadas serão cortadas

O presidente do Palmeiras, Paulo Nobre, admitiu nesta quinta-feira que o clube mantinha algumas regalias as torcidas organizadas, mas por causa da agressão ao goleiro Fernando Prass ocorrida no aeroporto de Buenos Aires na manhã desta quinta, estas foram cortadas.

"O que aconteceu hoje é inaceitável e o Palmeiras não vai tolerar esse tipo de atitude. A partir de hoje cortamos todas as regalias que as organizadas tinham. Até que tomem uma medida, não vai haver diálogo. Estamos 100% ao lado do nosso elenco", disse o presidente, no CT do Palmeiras.

Rubens Cavallari - 21.jan.13/Folhapress
Paulo Nobre avisa que organizadas não mais terão regalias
Paulo Nobre avisa que organizadas não mais terão regalias

"O relacionamento com os líderes das torcidas sempre foi muito bom. Eu já fiz parte de organizada. Eu era da torcida Inferno Verde, mas na época esse tipo de vandalismo não acontecia. Sou a favor do diálogo e do bom relacionamento. E existia isso."

Nobre disse que não sabe se estas regalias também eram dadas nas gestões anteriores.

O goleiro Fernando Prass, que teve a cabeça cortada por um pedaço de vidro, e Omar Feitosa, gerente de futebol, ficaram na Argentina e não embarcaram para São Paulo, pois prestariam queixa na polícia (além de ajudar na investigação). Eles embarcariam agora a tarde.

Ele disse também que três torcedores foram detidos. "Não sei quem são. Sei que são da organizada", afirmou Nobre, que reconheceu que já foi membro de uma facção no passado.

Segundo o cartola, o Palmeiras privilegiava a venda de ingressos para os torcedores organizados em jogos no Brasil e fornecia gratuitamente uma quota de entradas para jogos no exterior, mas não financiava a viagem das facções.

Nobre disse que não teme retaliação, embora tenha dito que a segurança para os atletas será reforçada. Disse também que vai pedir apoio aos órgãos públicos para combater a violência.

"Quando decidi ser presidente do Palmeiras, eu sabia que teria de estar preparado para tudo. Eu entendo essa questão, mas estou preparado", disse.

ELENCO

Nobre disse que os casos de violência recentes envolvendo jogadores do Palmeiras e torcedores organizados têm atrapalhado o clube na hora de negociar reforços.

"Tem jogador que não quer vir ao Palmeiras por causa disso. E tem jogador que faz um sobrepreço no salário por conta desse tipo de situação. As torcidas só existem porque existe o Palmeiras. Esse problema recorrente prejudica muito. Hoje tem jogador que pensa duas vezes antes de vir para o clube", disse.

"Tenho hoje uma audiência com o [prefeito Fernando] Haddad e vou levar esse problema de violência no futebol. Já pedi uma audiência com o governador também. Já falei com [o ministro do Esporte] Aldo Rebelo. Se for possível, vou falar até com a [presidente] Dilma. Gostaria que outros clubes abraçassem essa ideia. Esse tipo de atitude é péssima para o futebol brasileiro", acrescentou.

PUNIÇÃO

Paulo Nobre disse ainda não temer que o clube seja punido pela Conmebol pela confusão, e disse que não seria contra, caso a entidade tome algum ato contra a equipe alviverde.

"Não temo [uma punição ao clube]. Foram fatos diferentes [dos ocorridos na edição deste ano da Libertadores]. Gostaria que a Conmebol tomasse alguma atitude. Não vejo nenhum problema nisso [ser punido]. O Palmeiras sairia prejudicado, mas se ajudar a coibir a violência, então o futebol tem a ganhar com isso", afirmou.

QUEM É NOBRE

Advogado, dono de um fundo de investimentos em ações e piloto de rali, Nobre assumiu em janeiro o comando do Palmeiras com a missão de reerguer as finanças do clube e recolocar o time na elite do futebol brasileiro.

Para vencer, Palmeirinha, como é conhecido no mundo off-road e no mercado financeiro, contou com o apoio do ex-presidente Mustafá Contursi (1993 a 2004), que controla o maior grupo político do clube.

Perin era apoiado pelos ex-cartolas Affonso Della Monica (2005 a 2008) e Luiz Gonzaga Belluzzo (2009/2010).

Nobre foi vice-presidente na gestão Belluzzo e já havia sido candidato em 2011, quando perdeu para Arnaldo Tirone por 62 votos de diferença.


Endereço da página:

Links no texto: