Folha de S. Paulo


Unicef afirma que Iêmen passa por surto de cólera

AFP
Crianças vivem em um depósito de lixo em Al Hudaydah, quarta maior cidade do Iêmen
Crianças vivem em um depósito de lixo em Al Hudaydah, quarta maior cidade do Iêmen

A Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) anunciou na sexta (7), que há um surto de cólera no Iêmen. "As autoridades de saúde anunciaram que foram confirmados casos de cólera na capital, Saná, enquanto há outras suspeitas [de casos] na cidade de Taez (sudoeste)", informou entidade em comunicado.

A cólera é causada pela bactéria Vibrio cholerae, que ao infectar o corpo leva as células que revestem o intestino a produzir uma maior quantidade de fluídos. Com isso, instalam-se quadros de diarreia e vômitos.

Pessoas contaminadas podem perder fluídos corporais rapidamente, o que, se não tratado, pode levar à morte em questão de horas. O tratamento é realizado via administração de fluídos e sais. O contágio ocorre por água ou alimentos contaminados.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) afirmou, em comunicado, que, até o momento, foram confirmados oito casos da doença no Iêmen. A maior parte dos pacientes infectados eram crianças.

"A escassez de água limpa para consumo agravou a situação da saúde no Iêmen, que já era ruim. Isso causou um aumento significativo nos casos agudos de diarreia, especialmente entre os deslocados internos, que agora já são mais de três milhões de pessoas", afirmou a OMS em comunicado.

Os serviços de saúde do país foram muito atingidos pela guerra entre rebeldes xiitas hutis e forças pró-governamentais. O conflito, que já dura mais de 18 meses, causou uma grave crise humanitária e já deixou mais de 6.700 mortos, segundo a ONU.

"As crianças estão expostas a um risco particularmente alto se a atual epidemia de cólera não for contida urgentemente, ainda mais levando em conta que o sistema de saúde do Iêmen está arrasado com a continuação do conflito armado", alerta o representante da Unicef no Iêmen, Julien Harneis.

Se não forem tratados, os casos graves de cólera poderão matar até 15% das pessoas afetadas em algumas horas, segundo o comunicado divulgado pela Unicef.

Ahmed Shadoul, representante da OMS no Iêmen, diz que a situação é um alerta para que outras nações ajudem o país a controlar o contágio.


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