Folha de S. Paulo


15 grafites que ocupam os muros do Rio na luta contra violência doméstica

Em busca de um "sopro" de liberdade, a artista plástica Panmela Castro, 34, começou a se envolver com arte urbana aos 17 anos, quando escalava os prédios cariocas para pichar sua marca nos topos mais altos.

Estudante da Escola de Belas Artes da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), viu sua rotina mudar quando começou a ter graves discussões com o então companheiro, que não tardaram para a agressão física.

"Ele me torturava debaixo do chuveiro frio, colocava fogo no spray de inseticida exigindo que eu cuidasse da casa", diz.

Depois de ser espancada, Panmela foi mantida pelo namorado em cárcere privado durante uma semana.

Afastada da pichação, se envolveu com grafite aos 24 anos. Na sequência, encontrou na luta pelos direitos das mulheres, no feminismo e no combate à violência doméstica a mensagem para passar com sua arte.

Fundou a Rede Nami, associação sem fins lucrativos, que usa as artes urbanas para promover os direitos das mulheres, em 2012, ao lado de 30 feministas.

Com seu projeto social, Panmela foi finalista do Prêmio Empreendedor Social de Futuro 2015 e ficou entre as "150 mulheres que abalaram o mundo", segundo a revista norte-americana "Newsweek", em 2012.

Atualmente, por todo o país, o grupo reúne mais de 500 mulheres, que usam o grafite contra a violência doméstica.

A organização promove oficinas do projeto Grafite pelo Fim da Violência Doméstica Contra a Mulher, em comunidades e escolas públicas do Rio de Janeiro.

O bate-papo aborda percepção de gênero, tipos de violência e ferramentas da Lei Maria da Penha, marco legal para responsabilização de agressores. Os temas são depois transpostos para os muros como atividade final da oficina. "O grafite é uma solução nova para antigas demandas, é revolucionário, é como a arte sempre foi usada", diz Panmela.


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