Os alunos das escolas técnicas estaduais de período integral de São Paulo, da gestão Geraldo Alckmin (PSDB), voltaram às aulas sem receber a merenda prometida pelo governo.
Após as ocupações de colégios e da sede do Centro Paula Souza, que administra as Etecs (escolas técnicas), no fim de abril, o governo se comprometeu a fornecer marmitas no segundo semestre aos alunos de todas as 65 instituições integrais que não fossem adaptadas para preparar e servir refeições.
Os estudantes reclamavam que recebiam apenas merenda seca (bolacha, bolo, barra de cereal e suco ou achocolatado em caixinha) no intervalo das aulas e, na hora do almoço, não tinham refeição.
A reportagem visitou seis Etecs entre esta segunda (1º) e terça-feira (2) e em nenhuma delas havia distribuição de marmita. Os alunos continuam recebendo apenas a merenda seca nos intervalos das aulas. Para o almoço, muitos levam comida de casa.
"Os diretores disseram para os alunos que iriam começar a distribuir marmitex em agosto, mas até agora não recebemos nada", disse o estudante de eletrônica Gabriel Max, 18, que frequenta a Etec Albert Einstein, na Casa Verde, zona norte de SP. "Eu gasto R$ 10 para comer, quando tenho. Senão fico com fome mesmo", disse.
"Falaram que iria ter merenda fresca a partir de 22 de agosto. Pelo que disseram, a comida deveria ter sido distribuída desde que as aulas começaram, na segunda-feira", disse o estudante Gabriel Vítor, 18, da Etec Raposo Tavare, na zona oeste.
"A diretoria disse que vão adaptar uma sala para servir de refeitório, e que haverá um bufê do tipo self-service a partir do dia 20", disse uma aluna de 15 anos da Etec Professora Doutora Doroti Quiomi Kanashiro Toyohara, em Pirituba (zona norte). As marmitas também não chegaram nas escolas: Parque da Juventude e Jaraguá (zona norte) e São Paulo (centro).
Os alunos das escolas técnicas integrais também se queixam da qualidade da merenda seca distribuída. Desde maio, a gestão Geraldo Alckmin passou a servir um kit com bolachas, barra de cereal, bolinho e suco ou achocolatado em 15 escolas que não tinham merenda no intervalo das aulas.
"Essa merenda seca é de baixa qualidade, muitas vezes o bolinho vem mofado. Bolacha, bolinho e achocolatado não são nutritivos, só calóricos. E geram muito resíduos de papel e plástico", disse Gabriel Otávio, 18, da Etec Raposo Tavares.
SEM ESTRUTURA
Alunos de quatro Etecs visitadas pela reportagem afirmam que os colégios têm estrutura deficiente para conservar e aquecer a alimentação que trazem de casa. Segundo eles, não há fornos de micro-ondas suficientes, o que causa fila na hora das refeições.
"Só um micro-ondas funciona, dois estão quebrados. Como frio mesmo", afirmou um alunos de 17 anos da Etec Albert Einstein. "Às vezes, a marmita estraga porque não cabe na geladeira, só tem uma para todo mundo."
Na Etec Jaraguá, na zona oeste, não há micro-ondas, geladeira ou refeitório para os alunos. Os alunos usam o micro-ondas da cantina ou o dos funcionários da limpeza, e fazem a refeição sentados no pátio da unidade. "A situação aqui é difícil", disse um estudante.
A Etec São Paulo, no Bom Retiro, tem apenas um micro-ondas no refeitório, afirmam os alunos, o que causa filas. "Tem muita fila. Como frio porque não consigo esquentar a comida", diz o estudante Matheus Expedito, 19. Há um marmiteiro no local e, dizem os alunos, há tantas marmitas que a água transborda no chão.
OUTRO LADO
O Centro Paula Souza, da gestão Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou por meio de nota que servirá almoço a todos os alunos das Etecs até o final de agosto. "A licitação já foi feita e está em fase de recurso, como previsto em lei. O Estado está investindo aproximadamente R$ 30 milhões para atender essa demanda", afirmou.
Segundo a nota, as Etecs Albert Einstein, Parque da Juventude e Jaraguá receberão mais micro-ondas e geladeiras até a próxima semana. Ainda de acordo com o Paula Souza, a Etec São Paulo tem um novo espaço para que os alunos façam refeições, com dois micro-ondas e um freezer. "A direção estuda a possibilidade de instalar novos fornos", disse.
Sobre a merenda seca, afirmou que ela é "oferecida como lanche e não como almoço e contém as calorias necessárias para esse fim". Essa alimentação continuará sendo oferecida aos alunos, quando começar a distribuição das marmitas prometidas aos estudantes, disse o governo na nota.