Folha de S. Paulo


Bancos de sangue têm pior estoque do ano na região de Ribeirão Preto

Os últimos três meses registraram os mais baixos níveis de estoque do ano nos bancos de sangue da região de Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo), que operam no limite desde setembro.

Com isso, as unidades que gerenciam as doações estão até "importando" bolsas de sangue e também doadores para suprir o deficit.

No Hemocentro do HC (Hospital das Clínicas) da USP Ribeirão, nesta terça-feira (25), os estoques de três tipos sanguíneos estavam abaixo de 10% do previsto.

Para sangue do tipo O negativo, por exemplo, havia apenas três bolsas –o mínimo previsto é de 65 bolsas.

De acordo com a direção da unidade, o hemocentro necessita de cerca de 9.000 bolsas por mês. Mas, nos últimos meses, teve média mensal de 7.500 doadores.

O hemocentro atende 110 hospitais da região e recebe doação nessas cidades. Por isso, faz o remanejamento das bolsas de sangue entre as unidades quando necessário.

Já o Banco de Sangue de Ribeirão –que atende quatro hospitais particulares do município e de outras três cidades da região–, tem de recorrer a outros bancos para evitar danos aos pacientes.

Silva Júnior/Folhapress
Luiz Alves doa sangue no Hemocentro do HC (Hospital das Clínicas) de Ribeirão Preto
Luiz Alves doa sangue no Hemocentro do HC (Hospital das Clínicas) de Ribeirão Preto

Com uma demanda de 1.300 bolsas por mês, o banco de Ribeirão Preto precisaria de cerca de 40 doações por dia, mas registrou nos últimos três meses uma média de 26 doadores por dia.

Por isso, a unidade tem recorrido a "empréstimos" em bancos de outras cidades e também ao hemocentro.

De acordo com Luis Fernando Curti, superintendente comercial do banco de Ribeirão, a unidade também tem "importado" doadores de cidades vizinhas.

"O número de doadores em Ribeirão é muito pequeno, por isso fazemos parcerias com empresas e outros municípios. Vamos buscar as pessoas para que elas possam doar sangue", disse Curti.

Ainda de acordo com o superintendente, apenas 1,5% da população de Ribeirão Preto é doadora de sangue. O número é inferior à média do país, que tem 1,8% da população como doadora.

"Ainda falta conscientização sobre a importância de doar sangue. Esses três meses [de setembro a novembro] são os com menor doação porque não há campanha de incentivo", disse Curti.

Em São Carlos (a 232 km de São Paulo), nos últimos três meses, o número de doações caiu 22,5% e o estoque não ultrapassa o necessário para três dias.

Cesar José Creste Martins da Costa, gerente do Banco de Sangue de São Carlos, afirmou que a população ainda não apresenta uma cultura de doação.

"Em julho temos campanha e o estoque de sangue cresce. Mas, nos meses seguintes, a população não vem doar", disse Costa.

Nesta semana, os bancos iniciaram campanha de doação devido ao dia nacional do doador, nesta terça (25).


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