Folha de S. Paulo


Multas por ultrapassagem proibida têm alta de 18% na região de Ribeirão

O número de multas por ultrapassagem proibida nas rodovias da região de Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo) aumentou 18% neste ano. Para tentar mudar a situação na região e em todo o país, os valores de algumas multas terão reajustes a partir deste sábado (1º). A principal é a de ultrapassagem.

Quem passar um outro veículo pelo acostamento, por exemplo, o que atualmente rende multa de R$ 127,69, será penalizado em R$ 957,70 –aumento de 650%.

As multas por outras ultrapassagens perigosas, em faixa dupla –como em curvas e subidas–, também serão reajustadas para esse valor.

Segundo especialistas, a medida pode inibir as ultrapassagens proibidas, mas somente no curto prazo.

O capitão Luiz Eduardo Ulian Junqueira, comandante da Polícia Rodoviária na região de Ribeirão, disse que as ultrapassagens proibidas estão entre as infrações de trânsito mais graves que existem.

Edson Silva/Folhapress
Motorista faz ultrapassagem irregular na rodovia Mário Donegá, na região de Ribeirão Preto
Motorista faz ultrapassagem irregular na rodovia Mário Donegá, na região de Ribeirão Preto

"É uma flagrante violação de uma regra de trânsito que precisa ser respeitada. Quando isso acontece, a chance de uma batida frontal é enorme", afirmou Junqueira.

Ele disse que a mudança deve reduzir o número de acidentes.

Doutor em transporte pela USP (Universidade de São Paulo), José Bernardes Felex afirmou que, inicialmente, os motoristas tendem a respeitar mais a lei durante algum tempo por causa do aumento do valor da multa, e isso pode reduzir o número de acidentes e de mortes.

"Mas, depois, eles voltam a cometer as infrações", disse. O número de mortes na região subiu 27%.

Felex afirma que a única maneira de conscientizar é promover campanhas educativas, desde a creche.

Editoria de Arte/Folhapress

Já Marli Iossi Zocarato, advogada de Ribeirão Preto especialista em psicologia e educação para o trânsito, disse que o governo tem a visão equivocada de que o respeito às leis ocorrerá só mexendo no bolso das pessoas.

"Tem que educar lá na infância, desde cedo", disse.

Para os especialistas, a conscientização no Brasil sobre os perigos do trânsito é ínfima. A advogada defende, inclusive, um curso de graduação específico somente sobre trânsito.

O representante comercial Francisco Candido dos Reis, 56, de Serrana, que já sofreu dois acidentes na rodovia Abrão Assed, disse que presencia constantemente desrespeito às leis.

Ele aprova a medida. "Quanto mais cara [a multa], melhor."


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